sexta-feira, 28 de junho de 2013

Comportamento das crianças: transtorno obsessivo compulsivo


TOC é o apelido do Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Tem se falado muito dele ultimamente, mas não tem se falado que ele também pode afetar crianças.
O que é TOC? São ideias, pensamentos ou imagens que (sempre) invadem nossa mente de forma persistente e duradoura. Surgem contra nossa vontade, não são desejáveis, nem bem-vindos, muito pelo contrário, resistimos e tentamos nos livrar deles. Para isso criamos atos, comportamentos ou rituais repetitivos para neutralizá-los, aliviando a ansiedade temporariamente.

A essas ideias, pensamentos ou imagens, chamamos de obsessões e aos atos, comportamentos ou rituais repetitivos, damos o nome de compulsões. Para que o diagnóstico de TOC seja confirmado, é necessário a presença de obsessões e/ ou compulsões em um grau que afete sua rotina, causando grande desconforto e ansiedade.
Por que se preocupar?
Devemos nos preocupar porque o TOC não só traz grande sofrimento às pessoas afetadas (perdem grande parte do dia tendo pensamentos desagradáveis e comportamentos inadequados), mas também a seus familiares.
Muitas vezes, a criança com TOC busca assegurar-se com um membro da família, fazendo perguntas do tipo: "Você viu se fiz direito tal coisa?", "Você viu se está realmente limpo, tem certeza?", "Você acha que estou ficando louco?". Na maioria das vezes os familiares respondem a essas perguntas, apesar de serem bastante repetitivas.
Em outros casos, pedem para que alguém de sua confiança realize seus comportamentos ou rituais. Por exemplo: a criança pede para que a mãe veja e reveja inúmeras vezes se a porta da garagem, do carro, da sala, da cozinha estão trancadas.
Ainda existem casos que exigem que seus parentes sigam regras de comportamento e ficam muito irritados se isso não acontece. Por exemplo: proíbem que seus familiares entrem em casa de sapato; insistem que todos lavem as mãos com frequência etc.
Alguns obsessivo-compulsivos dominam e mandam em seus familiares de forma extraordinária. Isso acontece muito. Na verdade, no início, os parentes questionam os pedidos e exigências feitas, mas com o passar do tempo, desistem e começam a ceder em nome da paz familiar.
Existe um problema?
Se seu filho, eventualmente, demora um pouco mais no banho, tem o hábito de chegar em casa e lavar as mãos, verifica se a porta está fechada antes de dormir ou diz que teve uma terrível visão de uma pessoa querida num caixão, não é necessariamente errado ou anormal. Muitos de nós temos de vez em quando pensamentos, ideias, comportamentos indesejáveis.
O problema realmente existe quando as ideias, pensamentos, imagens, atos ou comportamentos e rituais repetitivos estão interferindo de forma bastante significativa na vida da criança, afetando a vida familiar, escolar e social. Algumas perguntas são interessantes para verificar se há TOC:
  • Existe algo que seu filho necessite muito ou goste muito e não consiga fazer devido às suas ideias, pensamentos, imagens ou atos, comportamentos e rituais?
  • Seu filho constantemente evita certas coisas, lugares, pessoas por causa de suas ideias, pensamentos, imagens ou atos, comportamentos e rituais?
  • Tem dificuldades na escola ou em outras atividades em consequência de seus pensamentos e comportamentos?
  • Fica muito irritado com o que pensa ou faz?
  • Sente-se muito infeliz, ridículo e exposto por causa de seus comportamentos e rituais?
  • Seu filho gasta grande parte do tempo na prática de comportamentos ou ruminação de pensamentos?
  • O comportamento de seu filho causa muito incômodo ou aborrecimento a outras pessoas?
Se você respondeu "Sim" a qualquer uma dessas perguntas, é possível que exista algum problema. Procure um Psiquiatra ou Psicólogo para que seja feito um diagnóstico para que se comprove o Toc ou não.
Tratamento para o TOC

A maioria dos pacientes obsessivo-compulsivos pode ser tratada com a Terapia Comportamental Cognitiva, que é atualmente a mais indicada e a que apresenta melhores resultados para o TOC.
A Terapia Comportamental Cognitiva é um tratamento breve, prático e colaborativo e torna-se ainda mais eficaz à medida que se procura ajuda especializada, que possa orientar da melhor forma tanto os pacientes quanto seus familiares. Quando profissionais e pais conseguem identificar as possíveis doenças psiquiátricas antes que elas se tornem graves e encarando-as como qualquer outra doença, sem preconceito, pode-se ter um diagnóstico e tratamento muito mais rápido e eficaz para o TOC.
Dra. Rosana Marques Auricchio
Psicóloga

Educação dos filhos: o uso da internet




O advogado José Conrado já se acostumou: os filhos Gabriel, 13, e Júlio César, 9, mal entram em casa e já vão direto para o computador ou videogame. Os meninos ilustram bem a Geração Z, formada por crianças e adolescentes nascidos após o fenômeno de popularização da internet e dos telefones celulares, no meio da década de 90.

Em comum, todos são altamente conectados. "Eles me dão um baile no computador. Queria conhecer 10% do que os dois sabem", conta o pai, que diz pedir com frequência a ajuda dos garotos quando o assunto é tecnologia. Ambos os irmãos possuem e-mail, perfis em redes sociais e se comunicam com os amigos por meio de ferramentas de bate-papo.

Apesar de não acompanhá-los enquanto utilizam o computador, o pai impõe regras claras: cada um só pode acessar a internet por duas horas diárias. Outras atividades também ocupam parte da rotina dos meninos. "Faço questão que eles pratiquem esportes e viajem para o clube de campo. Além de ser uma distração, interagem com outras pessoas", explica Conrado. A preocupação não é à toa. Segundo a psicóloga Andrea Jotta Barbosa do NPPI (Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática), da PUC-SP, o virtual pode ser uma das formas de lazer da criança. Mas não a única.
Educação dos filhos: limites reais para o uso da internet

Para que o uso da internet não se torne um problema, os responsáveis devem estabelecer limites de horas de acordo com a rotina da criança e da família, respeitando os compromissos que ela tem e conciliando com outras atividades recreativas. "É melhor normatizar isto ainda na infância a precisar esconder o mouse na adolescência", alerta Andrea.

A especialista ainda salienta a importância de os pais identificarem os primeiros sinais do uso excessivo: a queda do desempenho escolar e a dificuldade em deixar o computador para realizar outras atividades são alguns fatores que precisam de atenção. A gerente bancária Roberta Saturnino sabe bem o que é proibir o filho de usar o computador. Por não ter estudado para uma prova, Henrique, 10 anos, passou o carnaval inteiro longe da internet. "Ele precisa respeitar as prioridades", diz a mãe. Como todos os coleguinhas de sala, o menino acessa com frequência o site Club Penguin (www.clubpenguin. com).

Na página, as crianças personalizam seu pinguim e conversam por meio de um comunicador. Porém, além de diversão, o garoto também usa o computador para realizar pesquisas. "Outro dia o Henrique queria saber o nome dos principais narradores de futebol, foi lá no Google e achou", exemplifica Roberta. O interesse do menino por tecnologia é tão grande que ele insistiu em ser matriculado em um curso extracurricular de robótica.

Tamanha desenvoltura das crianças, no entanto, não pode ser confundida com maturidade. Rodrigo Nejm, diretor de prevenção da Safernet (entidade voltada ao combate a violações de direitos humanos contra crianças e adolescentes pela internet), aponta o aumento constante de denúncias relacionadas ao tema. Segundo ele, os pais devem entender que, mesmo tendo habilidade técnica, uma criança não está preparada para evitar, sozinha, os riscos da internet. "A internet é um ambiente público com perigos iguais aos do mundo real. Você não deixaria o seu filho desacompanhado circulando, por exemplo, no meio de uma praça. O mesmo cuidado tem de valer na rede", alerta.

O especialista aconselha os responsáveis a prevenir e orientar os pequenos desde o primeiro acesso. Segundo Nejm, crianças com menos de 9 anos nunca devem utilizar a internet desacompanhadas. A presença dos pais, além de evitar condutas indevidas e exposição a riscos na internet, garante uma permanente educação aos filhos sobre a maneira certa de usar a rede. "Utilizada corretamente, a internet é, sem dúvida, uma excelente ferramenta para qualquer idade", analisa Nejm.

O que é a Geração Z?

Para definir o público nascido após a metade da década de 90, sociólogos e pesquisadores criaram a expressão Geração Z. A denominação faz referência ao termo "zapear", hábito de alternar constantemente canais de televisão, sites e outros meios de comunicação, característica marcante desta garotada que veio ao mundo depois da  popularização da internet, telefones celulares, entre outras inovações.

Dicas para usar a internet com segurança

Para os pais:
  • Até os nove anos, a criança só deve acessar a internet com supervisão de um adulto;
  • Converse abertamente com seus filhos sobre os riscos, cuidados e limites que ele deve ter ao usar o computador;
  • Deixe claro os sites e conteúdos que a criança pode acessar;
  • O uso de programas, como filtros, pode ajudar a monitorar o uso da internet pelas crianças. Porém, estes softwares não substituem a vigilância dos responsáveis.
Para as crianças e adolescentes:
  • Nunca envie fotos para estranhos. E, antes de postá - las nas redes sociais, saiba que ficarão disponíveis para milhões de pessoas;
  • Jamais aceite conhecer e encontrar amigos virtuais sem autorização e acompanhamento de seus pais;
  • Não disponibilize informações em seu perfil ou em conversas com estranhos, como lugares que frequenta, telefone, nome completo ou endereço;
  • Pessoas mal-intencionadas podem se passar por amigos na internet. É preciso muito cuidado;
  • Não envie nem repasse mensagens que agridam outras pessoas. Se alguém próximo está sendo vítima de ofensas, encoraje-o a denunciar;
  • Nunca faça na internet algo que não faria fora dela;
  • Converse abertamente com seus pais sobre o que acontece na internet, e respeite os limites estabelecidos;
Fonte: Safernet

Confira algumas páginas e redes sociais dedicadas à diversão das crianças:
Mundo do sítio

www.mundodositio.com.br
O universo do Sítio do Pica Pau Amarelo se transformou em uma comunidade social. São mais de 30 jogos e atividades com os personagens de Monteiro Lobato. O bate-papo é monitorado, e existe uma página exclusiva para responsáveis, onde é possível acompanhar o que os pequenos fazem.

NeoPets

www.neopets.com
Nesta rede social, cada criança cria, educa e alimenta um animal de estimação virtual. Há também a possibilidade de elas interagirem com amigos. Porém, para isto, precisam que os pais enviem uma autorização para a empresa responsável.


Migux


www.migux.com

O cenário deste jogo virtual é o fundo do mar e os seus integrantes. Nele, as crianças podem criar personagens que caminham pelos ambientes e interagem com todos os outros habitantes, que também são usuários mirins como ele.



Cosmopax

www.cosmopax.com
Ao entrar, o usuário recebe um personagem virtual chamado Pixtar. Ele pode ser personalizado com desenhos, letras, números e símbolos do teclado, o que ajuda a desenvolver a criatividade. Há até votação entre os participantes para escolher o Pixtar mais bonito

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Comportamento das crianças: os medos são fantasia ou realidade?

Certamente, todas as pessoas já experimentaram sentimentos de medo e ansiedade, de uma ou de outra forma, com maior ou menor intensidade. Desde os primeiros anos de vida, as crianças em geral são mais ou menos perturbadas pelo medo e algumas receiam tanto que sua liberdade de ação pode ficar comprometida. Também os adultos têm medo e muitos lutam com apreensões que têm raízes nos seus temores de infância.

Acredito que não seja fácil reconhecer os próprios temores diante das circunstâncias que a vida nos prepara, mas talvez seja esse o caminho para enfrentá-los e tentar resolvê-los. É importante notar que a palavra "medo" na linguagem do dia a dia pode significar uma variedade de preocupações que vão desde um temor extremo a perigos evidentes, como um cão ameaçador, até uma inquietação como a preocupação de falar em público ou ser repreendido por um professor.
Definição e evolução do medo
O medo é uma das principais forças motivadoras da conduta humana. É um fator biológico de defesa e proteção relacionado ao instinto de conservação. Portanto, não é patológico e, sim, extremamente necessário para proteger a criança dos perigos, devendo ser corretamente treinado: é o medo biológico. Para que e por que ensinamos nossos filhos pequenos que é perigoso debruçar-se em janelas ou atravessar a rua sozinhos? Temos a certeza de que a não percepção do perigo poderá ter resultados desastrosos para a saúde física e emocional deles. Dependendo das experiências vividas, do ambiente familiar e de outras variáveis, a criança poderá apresentar evolução patológica do medo, caracterizada por perturbações do comportamento, desde manifestações de timidez e vergonha até crises de ansiedade ou fobias.
O papel da maturação
A criança, quando muito pequena, não é afetada por algumas das situações que a assustarão mais tarde, quando já tiver amadurecidas suas capacidades de percepção e discriminação. Exemplo disso são trabalhos sobre a resposta de crianças de diferentes idades ao confinamento num pequeno cercado, por exemplo. Em dez semanas a criança pode mostrar-se completamente tolerante; com vinte semanas pode apresentar um leve receio e, ao final de trinta semanas, sua resposta à mesma situação pode ser fortemente expressa pelo choro, reação que podemos descrever como "medo ou temor". A mudança da sensibilidade ao medo está associada a vários aspectos do desenvolvimento.

Do nascimento aos 18 meses os bebês têm medo de objetos reais, ruídos inesperados, situações ou pessoas estranhas, quedas ou perigos de quedas, luzes fortes. Dos 18 aos 36 meses poderão demonstrar medo da escuridão e de atividades como nadar ou tomar banho. Dos três aos cinco anos as crianças podem se tornar vítimas de sua própria imaginação. Elas já aprenderam que algumas coisas poderão realmente machucá-las, mas ainda não têm certeza sobre quais são. Consequentemente, assustam-se com perigos sobrenaturais e imaginários, monstros e fantasmas. Nessa idade aumenta muito o medo da escuridão.
Comportamento das crianças: os medos
Os medos na infância nem sempre são previsíveis se levarmos em conta as diferenças individuais quanto à suscetibilidade. O mesmo estímulo pode ser ameaçador para uma criança e deixar outra indiferente. Além disso, a criança pode ficar perturbada por certo estímulo em determinada situação, não lhe dando qualquer atenção em outra circunstância. Uma criança de três anos, por exemplo, pode ficar amedrontada ao ter de entrar sozinha numa classe cheia de crianças que não conhece.

No entanto, poderá sentir-se à vontade se estiver acompanhada de sua mãe. Os temores são influenciados também pela aprendizagem. Em virtude de uma experiência penosa, de ter sido assustada ou dominada, a criança poderá "aprender" a temer algo que antes não a incomodava. Essa aprendizagem pode ser direta, específica e restrita: uma criança é mordida por um cachorro e passa a temer aquele cachorro. Os efeitos podem ser gerais, quando então ela passa a ter medo de todos os cachorros ou qualquer animal de quatro patas. Com relação ao ambiente familiar, há uma tendência da criança adotar os medos de seus pais.

Como poderá uma mãe que tem medo de cachorros e os evita não torná-los ameaçadores para seu filho? Queridos pais, certamente é fácil dar conselhos. Sei que as coisas não são tão simples quanto possam parecer, pois a cada momento em que nosso filho tem medo somos levados a reconhecer as nossas próprias ansiedades e medos, mas devemos tentar sempre e esse é o maior desafio. Convido-os a enfrentá-los!
Dicas e estratégias para lidar com os medos infantis 

A maioria dos pais entende que os medos são normais no desenvolvimento de seus filhos e que deveriam ser protetores. Ao lidar com os medos, o objetivo não é apenas que desapareçam, mas também utilizá-los para ajudar a criança a lidar com situações estressantes e a determinar quando realmente ter medo. Essa tática desenvolve gradativamente a confiança da criança em sua capacidade de enfrentar situações temidas. Não podemos esquecer que medos são ferramentas fundamentais para evitar o perigo.

Não fale demais

Se no passado era comum ignorar os medos da criança, hoje uma falha comum entre os pais é dar demasiada atenção a eles. Como regra geral, quanto menor for a criança menos os pais devem falar. Deverão lidar, neste caso, com sua própria ansiedade sem dar muitas explicações.

Não diga mentiras

Se a criança vai ao médico, não diga que ela vai à casa da vovó. Porém, prepará-la cinco dias antes aumentará sua ansiedade. Basta algumas horas. Praticar sessões com bonecos ou outros brinquedos poderá ajudar a enfrentar a situação real.

Imaginação positiva
Distraia a atenção da criança com algo agradável. Sugerir que a criança tenha pensamentos positivos e prazerosos ao invés de pensamentos ruins e assustadores. Por exemplo, estimular sua imaginação com a ideia de soprar um balão pode ajudá-la a enfrentar o medo de tomar injeção.

Determine a dimensão do medo

É importante ensinar a criança a avaliar a realidade. Dê a seu filho uma mensagem curta e breve, com segurança e autoridade. As discussões ou questões poderão vir depois: "Alguns cachorros são bravos, mas este não irá machucá-lo."

Fortaleça seu filho

Situações ameaçadoras parecem menos assustadoras quando a criança ganha algum controle sobre ela. Uma das estratégias é dar a ela um objeto ou brinquedo preferido para dar sorte e ajudá-la a enfrentar o medo. Bem sabemos de nossas superstições.

Assegurar à criança que está tudo bem

A criança está muito atenta às ansiedades de seus pais. Expressões corporais e faciais e palavras irão confortá-la e assegurar que tudo está sob controle.
*Dra. Monica Mlynarz
Terapeuta Individual e Familiar

Comportamento das crianças: mimar os filhos



O objetivo da criança que grita, esperneia e se joga no chão é chamar atenção, seus pés estão cheios de irritação e batem, sua boca cheia de gritos que não sabem dizer do que realmente sofre. Ela ainda não sabe conversar sobre sua dor, nem compreendê-la, não lhe foi ensinado.

O que os pais, os adultos, não sabem é que desde seu nascimento, um bebê é um ser de linguagem e que muitas de suas dificuldades, logo que lhe são explicadas, encontram sua resolução no melhor desenvolvimento possível. Por mais nova que seja, uma criança a quem o pai ou mãe falam das causas, conhecidas ou supostas, de seu sofrimento, é capaz de suportar a dor, ganhando confiança em si e em seus pais. É assim que param de gritar e passam a pensar.
O fato é que a criança se sente o centro do mundo, têm a impressão de ser a própria causa de tudo. É a imaginação infantil, não se pode retirá-la delas. Se acredita ser a causa é porque deseja ser a causa. A crença também é um desejo e o verdadeiro desejo é sobrepujar o coração da mãe, diante de qualquer coisa que se revele um intruso na relação. Não é à toa que as cenas mais escandalosas acontecem nos shoppings, na casa da tia, na porta da escola, para desespero das mães. O que ela pede é amor, incondicional.

Para a criança é um grande sofrimento descobrir que mamãe é do papai e vice-versa, pois quando se sente excluída lhe parece impossível acreditar que mesmo assim continuará a ser amada, experiência esta que irá se estender para todas as outras circunstâncias da vida.
Os pais que estão coesos no seu amor, impõem esse limite com tranquilidade. Essa é a base de tudo, só podemos crescer através da falta, a criança só fala quando não falam por ela, só é capaz de andar quando está sozinha apoiada sobre suas próprias pernas. Se pensamos em educar, deveremos pensar a longo prazo.

Penso numa criança, não num bebê no seio da mãe, protótipo de todas as outras relações amorosas futuras. Falo da criança que continua a se comportar como se fosse um bebê. Parece-me que muitos pais continuam, sob o pretexto de estarem atentos a seus filhos, a mantê-los numa situação de dependência. A mãe que mantém está situação, mesmo contra sua vontade consciente, provavelmente não tenha se desenvolvido muito no passado, inserida num meio social de relações satisfatórias, a tal ponto que não pôde continuar sua vida de adulta. Na maioria das vezes, são mães que não ousam deixar o filho viver frustrações.
Por seu lado, os homens acham que é tarefa da mãe acalmar a criança. Não ousam impor ao filho seus limites. Quando isso acontece, é porque os pais são cúmplices. É preciso dar confiança ao pai em sua atitude castradora e explicar à mãe que seu comportamento tem o efeito de prolongar um infantilismo de seu filho e dela própria.

Mães que se tornaram escravas de seus filhos ao longo da primeira infância não deixam de lado o papel de peão e vão desgastando suas relações até dizerem: "não aguento mais". Quanto ao filho, se converte em carrasco da mãe porque ela o transformou nisso. Mais tarde, diante dos distúrbios de caráter, das sucessivas descompensações psicossomáticas, dos diversos sintomas de angústia ou de rejeição, são levadas para consultas especializadas. Trata-se, frequentemente, de problemas emocionais complexos, enraizados nos adultos que se tornam pais repetindo comportamentos dos seus próprios pais.
Eles amam seus filhos, mas não os compreendem, não sabem, ou não querem, em função das dificuldades de suas próprias vidas, pensar nas dificuldades psíquicas por que passam, nos primeiros anos, seus filhos e filhas, que são seres que desejam, que têm necessidade de segurança, de limites com amor, de alegria e de palavras, muito mais que de cuidados materiais ou de higiene alimentar e física.

Não se tem um filho só para ter um bebê, senão seria como brincar de boneca. É preciso que ambos os pais desejem o filho, mas também é preciso que saibam que, quando o bebê nasce, é ele que os transforma em pais. A partir daí não é mais um bebê. É um ser humano que cresce, que lhes abre horizontes. É isso que faz evoluir um casal que já se entendia bem, mas que tinha velhos hábitos, acostumados como estavam a suas vidas.

O que o adulto quer é que seu filho se torne um menino bem educado. Quando se pede a uma criança para ser bem comportada, ela não compreende absolutamente o que isso quer dizer, a não ser ficar imóvel ou realizar tarefas, o que significa não ter iniciativas próprias. A criança não é educada nem crescida e se defende contra isso ao mesmo tempo que os pais gostariam que ele fosse crescido, mas só pelo lado policiado.
A criança é bem comportada quando é alegre, quando fica ocupada, pode falar daquilo que lhe interessa e, principalmente, não se sente culpada. Não é mimar que é importante, nem enchê-los com beijos melados. Melhor seria jogar um jogo, fazer um doce, ter conversas interessantes com elas, mostrar-lhes as regras da vida, isto é educar uma criança, não acariciá-la como um ursinho de pelúcia, mas iniciá-la na vida prática, interessar-se e formar sua inteligência, guardar os segredos que ela lhe confia.

Não é a sedução nem a chantagem emocional. É dar de coração seu tempo a uma criança, fazendo-a respeitar seu corpo e se respeitando diante dela. Existem mães que ensinam seus filhos a cantar, que os fazem aprender jogos inteligentes, que lhe contam histórias, mostram fotos antigas, explicando-lhes como era quando eram pequenas. As crianças ficam muito felizes ao ouvir falar da maneira pela quais seus pais foram educados, isso lhes dá, principalmente quando é muito diferente, possibilidade de distância em relação à maneira pela qual elas mesmas foram educadas em casa. Isso lhes permite também compreender os colegas cujos pais agem de maneira diferente da dos delas - coisa da qual se dão conta perfeitamente.
Tomar conta de uma criança dá trabalho, mesmo se é feito com muita afetividade. O que importa é que a criança aprenda a se cuidar sozinha, se tornar ela mesma, em seu tempo e espaço próprios, com suas experiências. O que não se deve fazer é beijá-la depois de um momento de raiva, para apagar o mau momento. É preciso que se fale com uma voz mais doce e rir com ela. É sempre preferível falar do que dar razão às comoções, sejam de cólera ou de ternura, essas são mais animais que humanas.

Nos apartamentos, as crianças não tem mais muita coisa a fazer com os elementos naturais. A vida é a água, a terra, as árvores, as folhas. As crianças pequenas têm necessidade de serem agressivas de uma forma indiferenciada, existem outras brincadeiras em que ela possa correr, rir. Uma criança tem necessidade de movimentos.

A criança que é realmente amada, não se sente inferior, ao contrário, fica orgulhosa quando confiam nela. Não estamos nunca totalmente preparados para a surpresa que representa um novo ser humano. Podemos impedir o nascimento de ocorrer, mas não podemos saber que tipo de ser humano surgirá do encontro de dois outros seres.

Amar é ajudar o outro a se desenvolver e se, na família, ela puder descobrir a alegria de viver, mais tarde agradecerá aos pais por isso. 
*Dra. Evelyn Pryzant

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Bullying - como ajudar seu filho

Você pode não saber, mas seu filho pode estar sendo alvo de humilhações e ameaças na escola. Dependendo da frequência com que isso ocorre, as reações que o "bullying" provoca nas crianças podem ser extremas, se não identificadas e tratadas a tempo.

A "cultura do medo" parece que realmente se infiltrou em nossa sociedade. A todo o momento somos bombardeados com notícias sobre os mais diversos tipos de violência como roubos, sequestros, tráficos de drogas, assassinatos e outras barbáries. Somada a isso, a violência agora atinge o lugar onde menos se espera que algo de ruim possa acontecer: as escolas. Mais que o medo da violência que pode atingir seus filhos, os pais devem estar atentos ao fato de que as crianças podem estar sendo vítima de "bullying". Em português, "bullying" significa ameaça ou intimidação.
Apesar de não haver dados que apontem o número de homicídios e violência praticados nas escolas, tornou-se comum ver nos jornais notícias sobre alunos que vão armados para o colégio e que acabam por matar outros alunos e, em alguns casos, até professores. Quando pegas, essas crianças alegam ter cometido o crime por sentirem-se ameaçadas pelos colegas, ou serem vítimas de algum tipo de discriminação ou "chacota".
Muitas vezes, a vítima escolhida por um grupo acaba por se isolar. Vivendo assim, a humilhação em silêncio, e como os ataques se repetem dia a dia, as crianças acabam por se sentirem rejeitadas. Isso gera na criança que é humilhada um desinteresse pelos estudos e pela escola, podendo resultar até em depressão e em comportamentos e reações violentas.
A psicóloga infantil Luciana Gandelman diz que o acolhimento e o carinho dos pais são fundamentais para ajudar a criança ou o adolescente vítima do bullying a trabalhar melhor com os seus sentimentos e a enfrentar o problema da melhor maneira possível.
"O bullying é um comportamento que deve ser combatido desde cedo e logo que identificado, pois forma dois tipos de indivíduos em desequilíbrio. Um de extrema baixa estima, que relega as suas potencialidades em razão dos conflitos psicológicos acarretados pelo bullying. O outro é perverso, não aceita limites, não compreende a diferença e sente prazer em maltratar o seu semelhante", conclui a psicóloga.
Perfil da vítima de bullying
  • Demonstrar falta de vontade de ir a escola.
  • Revelar medo de ir para a escola.
  • Apresentar baixo rendimento escolar.
  • Pedir para trocar de escola.
  • Tornar-se uma pessoa fechada ou arredia.
  • Demonstrar angústia, ansiedade e depressão.
  • Apresentar manifestações de baixa estima.
  • Chegar muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis.
Como ajudar uma vítima de bullying
  • Tente conversar com seu filho sobre o assunto e, caso ele confirme sua suspeita, procure o professor ou a direção da escola para ajudarem a solucionar o problema.
  • Não exija dele o que ele não se sente capaz de realizar.
  • Não o culpe pelo que está acontecendo.
  • Elogie sua atitude de relatar o que o está atormentando.
Perfil do agressor
  • Crianças mal-acostumadas e por isso esperam que todo mundo faça todas as suas vontades e atenda sempre às suas ordens.
  • Gostam de experimentar a sensação de poder.
  • Não se sentem bem com outras crianças, tendo dificuldade de relacionamento.
  • Sentem-se inseguras e inadequadas.
  • Sofrem intimidações ou são tratadas como bodes expiatórios em suas casas.
  • Já foram vítimas de algum tipo de abuso.
  • São frequentemente humilhadas pelos adultos.
  • Vivem sob constante e intensa pressão para que tenham sucesso em suas atividades.
Como ajudar
  • Procure manter a calma e controlar sua própria agressividade ao falar com seu filho.
  • Mostre que a violência deve ser sempre evitada.
  • Não o agrida, nem o intimide; isso iria tornar a situação ainda pior.
  • Dê orientações e limites firmes, capazes de ajudá-lo a controlar seu comportamento.
  • Encoraje-o a pedir desculpas ao colega que ele agrediu.

Como lidar com o ciúme entre irmãos

É natural que as crianças se sintam enciumadas com o nascimento de um irmãozinho. Afinal, para o pequeno, que até então recebia toda a atenção dos pais, a vinda de outro rompe a exclusividade. O ciúme é alicerçado por questões de perdas, e diante da fantasia de que se vai perder os pais, surge outro sentimento: a rivalidade.

O irmão mais velho sente-se inseguro com a possibilidade de perder terreno para quem está chegando, e na defensiva, cria situações para chamar a atenção dos pais. A criança nesse período é invadida por fantasias, emoções e sensações de ameaça, levando-a a reações agressivas e comportamentos regressivos, como o descontrole do xixi, as birras, o retorno ao uso da chupeta ou da mamadeira e a desobediência.

Tudo isso para chamar a atenção. O sentimento de abandono só a domina, porque não tem recursos internos para lidar com essas sensações. É papel dos pais serem os interlocutores entre o filho e o irmãozinho.

Paciência, acolhimento e conversa serão fundamentais. A mãe precisa conversar sobre o bebê que está na barriga, mostrando-o como um companheiro para o filho mais velho. Incentive-o a tocar, pegar no colo e fazer carinho no irmãozinho. É aconselhável deixar o filho mais velho participar dos cuidados, ajudando com pequenas tarefas, como lavar a chupeta. Dessa forma, a criança irá sentir-se valorizada, além de se desenvolver emocionalmente, internalizando conceitos de colaboração e cuidados.

Demonstre amor e carinho ao filho mais velho, dizendo isso diretamente a ele, sem exageros ou excessos. As mães não devem culpar-se por dar mais atenção ao caçula, afinal, são inúmeras trocas de fralda, amamentação e banhos. Em situações conflituosas e momentos mais tensos, dê espaço para que a criança fale sobre seus medos e angústias. Procure apoiá-lo.
A chegada de outro filho muda a rotina da família. Mudança de quarto, o início na escolinha, tudo isso irá afetar o filho mais velho. Para minimizar os efeitos, os pais precisam se planejar com antecedência, isso ajudará a criança nessa fase de transição.

Comportamento das crianças: como os pais devem lidar com os tiques infantis

Os tiques classificados como motores e vocais são caracterizados por movimentos involuntários, rápidos, repetitivos e estereotipados, que surgem de maneira súbita e não apresentam ritmo determinado. A intensidade dos movimentos é variável. Alguns tiques são quase imperceptíveis, outros, bastante complexos, como saltos ou fortes latidos.
Há também casos em que os tiques são "camuflados" em atitudes corriqueiras, como afastar o cabelo do rosto ou ajeitar a roupa (neste caso,  os tiques só são reconhecidos por seu caráter repetitivo). Piscar os olhos continuamente, fazer caretas faciais, movimentos com o nariz e boca, repuxar o pescoço, franzir a testa, trincar os dentes, estalar a mandíbula, levantar os ombros ou mexer outras partes do corpo, como também coçar a garganta, fungar e emitir algum som são os sinais mais frequentes de quem apresenta Distúrbio de Tique Transitório, que se não for tratado, pode evoluir para Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Para o professor e psicólogo Luiz Gonzaga Leite, chefe do Departamento de Psicologia do Hospital Santa Paula, cerca de 3% da população apresenta tiques em determinadas fases da vida, mas é mais comum na infância. "O distúrbio surge por volta dos sete anos de idade, mas esse evento pode variar dos dois aos quinze anos. No caso dos meninos, pode ocorrer entre os cinco e oito anos, e nas meninas, na adolescência".
Segundo o professor, de 20 a 24% do total de crianças em idade escolar têm tiques. Ele explica que "isso acontece pelo fato de a criança, na fase escolar, sair de um círculo familiar às vezes protecionista demais, incapacitando a mesma de lidar com os conflitos do mundo externo - nestes casos, o tique pode ser uma demonstração somática de angústias psíquicas".
Entre outras causas, esses tiques podem ter início na sequência de acontecimentos traumáticos, como uma dramática separação de casais; a morte de algum ente querido; a mudança de escola ou mesmo de cidade (em que se deixa para trás as pessoas de convívio diário); o nascimento de um irmão, ou ainda quando a criança é submetida a uma presença amedrontadora. "Pais muito rígidos ou hiper protetores costumam contribuir para o aparecimento de tiques e manias em seus filhos que, em geral, demonstram ansiedade, fragilidade emocional, insegurança e medo".
Os pacientes que apresentam o distúrbio conseguem evitar os tiques, porém com esforço e tensão emocional. Algumas vezes, as manifestações são precedidas por uma sensação desconfortável, chamada premonitória e, frequentemente, seguidas por um sentimento de alívio. Os tiques costumam desaparecer durante o sono ou durante atividades que exijam concentração. Por outro lado, fatores como estresse, fadiga, ansiedade e excitação aumentam a intensidade dos movimentos característicos dos tiques.
Para lidar com os pacientes vítimas do distúrbio, o professor recomenda aos pais muita paciência, compreensão e carinho com a criança e nunca recorrer à violência. "Os pais devem ter a consciência de que  o tique se trata de um ato involuntário, um transtorno de psiquiatria e que necessita de tratamento", explica. O tratamento deve ser realizado por meio de psicoterapia (psicologia) e de medicação.
Na maioria dos casos, essas manifestações são dissipadas com o tempo. "Calcula-se que um terço dos pacientes apresente remissão completa no fim da adolescência, o outro terço melhora dos tiques e o restante provavelmente continuará com o problema inalterado durante a vida adulta".
Os pais devem estar bastante atentos ao surgimento de toda e qualquer manifestação de tique infantil. "Caso os tiques não sejam tratados ou permaneçam por um longo período, podem evoluir para Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)", alerta o psicólogo Luiz Gonzaga Leite.
Transtorno Obsessivo Compulsivo
As "manias", alguns tiques e pensamentos "absurdos" que não saem da cabeça podem fazer parte do quadro de Transtorno Obsessivo Compulsivo, conhecido como TOC. "Embora esse quadro tenha geralmente início na adolescência ou começo da idade adulta, ele pode aparecer na infância de forma tão comum quanto em adultos. A idade de início costuma ser um pouco mais precoce nos homens", afirma Leite.
A causa do Transtorno Obsessivo Compulsivo ainda é desconhecida. O TOC é provavelmente resultante de fatores causais diferentes. Algumas formas de TOC são familiares e podem estar associadas a uma predisposição genética. Outras se apresentam como casos esporádicos. Entre os casos familiares, parte parece estar relacionada aos transtornos de tiques, como por exemplo, a Síndrome de Tourette (distúrbio neurológico ou "neuro-químico" que se caracteriza por tiques). O TOC de início precoce está associado com uma preponderância masculina e um risco aumentado de transtorno de tiques.
Como identificar o TOC infantil?
Para suspeitar-se do TOC, os pais devem tentar identificar em seus filhos algumas lesões cutâneas devido à lavagem excessiva das mãos, gasto excessivo de sabão e papel toalha, trejeitos e tiques, tempo gasto em demasia para a realização das tarefas (de casa e da escola), buracos nos cadernos ocasionados por apagar seguidamente, solicitação exagerada para familiares responderem à mesma pergunta, medo persistente e absurdo de doenças, aumento excessivo na quantidade de roupas para lavar, demora para preparar a cama, medo persistente de que algo terrível aconteça para alguém, preocupação constante com a saúde dos familiares, entre outros.

terça-feira, 25 de junho de 2013

VALE A PENA LER, É SURPREENDENTE!

Naquela noite,enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.

De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.

Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: "Porquê?" Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou "você não é homem!" Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.
Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.

Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.

No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.

Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e volteia dormir.

Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio", disse Jane em tom de gozação.

Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo "O papai está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito,eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha
envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela.
Por uns segundos,cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior como corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias.

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo.
Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas.Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras:"Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo".

Eu não consegui dirigir para o trabalho... fui até o meu novo futuro endereço,saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia... Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe Jane. Eu não quero mais me divorciar".

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe,Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.

A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: "Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe".

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama, morta.
Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

Se você não dividir isso com alguém, nada vai te acontecer.

Mas se escolher compartilhar para alguém, talvez salve um casamento. Muitos fracassados na vida são pessoas que não perceberam que estavam tão perto do sucesso e preferiram desistir...

(..)

Valorize quem realmente te ama ... Pense nisso ... !!

Comportamento dos pais com os filhos



Mesmo que os pais não falem para as crianças, elas percebem muito bem o clima emocional ao seu redor, têm a intuição do que está acontecendo, estão totalmente atentas às conversas dos adultos, desde o tempo em que ainda estavam na barriga.

É impressionante ouvir crianças pequenas fazerem observações aguçadas sobre o comportamento dos pais, que muitas vezes nem se dão conta do que sentem até que seus próprios filhos lhes revelem. Quem se dispõe a observar as crianças com atenção descobre como são inteligentes e o quanto aprendem rápido.

Tudo o que o bebê recém-nascido necessita é da mãe para sua sobrevivência, necessita do seu leite tanto quanto de seu amor, da continuação da relação simbiótica. O total interesse de uma mãe é vital para a constituição de um novo ser humano. Mas, essa relação deve mudar.

Em pouco tempo o bebê irá crescer e tornar-se uma criança que inesgotavelmente deseja. O que ela quer é que sua mãe se dedique unicamente a ela. Sente-se o centro do mundo e irá tentar, da forma mais sedutora possível, resgatar o amor de sua mãe em relação ao seu pai, ao seu trabalho, às suas amigas, enfim, qualquer coisa que se interponha na relação.

A mãe se engana ao tentar fazer tudo para que haja igualdade: não existe justiça para a criança. A seus olhos tudo é injusto quando ela não tem tudo e a mãe não deve procurar ser justa. Afinal, o mundo lá fora não é. Fazer-se respeitar é um aprendizado.

A mãe que tem dificuldades em educar seu filho, em impor seus limites, não aprendeu a suportar frustrações e não aguenta ver seu filho sofrer. Se ela o ajudasse colocando palavras nesse sofrimento, a criança se sentiria compreendida e não teria mais do que reclamar.

Educar é sempre a longo prazo. O que fazemos como pais hoje irá refletir-se na puberdade, na vida adulta dessa criança e tudo o que queremos enquanto pais é que nossos filhos possam fazer uma vida diferente da que tivemos, assim como nós tentamos fazer com a nossa vida em relação a nossos pais.

Quando a mãe sabe de seus limites e consegue marcá-los com amor o filho é obrigado a procurar sua fonte de prazer em outro lugar. Ele se desenvolve. Todos só têm a ganhar.

Se os pais não formam realmente um casal, mas a rigor, o casal é frágil, diante da tentativa de separá-los para conseguir a atenção só para si, a criança constata que tem algum poder sobre eles e que provoca pouco a pouco sua separação. Pior, tem a certeza de que é a responsável por isso e se sente culpada. Na realidade, a solidez do dique formado pelo casal é que tinha uma rachadura.

Para a mãe, o filho tornou-se tudo, razão de seus desejos e atenção. Com os olhos voltados só para ele, ela tem dificuldades em conseguir ser a mesma mulher que foi até então para o seu homem. É possível que tenha caído na "armadilha" da maternidade, negligenciando o marido.

A grande função de marcar o limite dos desejos, de impor a lei, é do pai, mas a mãe deve acatar. Quando isso não acontece, quando a mulher não é esposa do marido, ele passa a sair mais com os amigos, ou investir com exagero suas energias no trabalho, pois precisa de algum consolo.

O filho cresce e esse homem, já não sentindo apoio afetivo em sua mulher, extremamente monopolizada pelo filho, cria uma espécie de "ciúme do irmão mais novo". Vive, sem perceber, um ligeiro estado depressivo, como uma criança que foi abandonada pelo que havia em sua mulher de componentes maternais inconscientes em relação a ele.

Muitas mulheres passam a se queixar dos maridos e os deixam ainda mais sozinhos, quando na verdade elas é que o tornaram assim. Esqueceram-se dos sonhos que planejaram um dia e, agora, tão perto de conquistar os louros da vitória, são capazes de entregar o ouro ao bandido. É a chamada "neurose familiar", que se repete de geração em geração, com os mesmos impasses, completamente contraditórios aos desejos conscientes das pessoas.
Os casais bem estruturados riem, divertem-se e participam do jogo, fingindo estar enciumados com a tentativa da criança de conquistar o mundo da mãe só para ela. Previnem imediatamente o desenvolvimento de sentimentos de culpa na criança, pois ela vê que ninguém, nem sequer ela mesma, pode intrometer-se entre o pai e a mãe.

O que é preciso almejar é que o filho possa ganhar autonomia e desmamar a mãe através das experiências que vive com seus pais.
À mulher, o gosto de viver como mulher, quando ela já vivia apenas como uma mãe esgotada pelo seu filho. E mais, se a criança tem tudo, não sente falta e não consegue reconhecer seus reais desejos, nunca lutará por consegui-los. Importa é que a criança aprenda a se cuidar sozinha, que conquiste o mundo através de suas próprias experiências, que saiba que ela é a representação da indissolubilidade, da combinação viva e da essência de dois seres que são seus pais.

Se a casa é feliz, os filhos conhecerão a felicidade. Se vivem em meio à tristeza, terão motivos para um comportamento depressivo, formando assim equações que vão ficar gravadas em suas mentes como um modelo a seguir. Por isso a importância dessa mãe feliz, garantida em seu prazer independente do filho, constituindo sua alma, no conjunto de seus próprios sonhos.
*Evelyn Pryzant
Psicóloga Clínica

Geração de filhos únicos

Grande parte dos filhos únicos tem pais que decidiram ter apenas uma criança para lhe dar tudo de melhor. Mas, tudo que é muito pode ser demais. Por isso, os pais devem ficar atentos para dar amor e atenção, mas também impor limites, assim, a criança crescerá sabendo que o mundo não gira em torno dela.

Por conviverem com muitos adultos, os filhos únicos são crianças com vocabulário e criatividade avançados, já que desenvolvem habilidades brincando sozinhos. Por outro lado, faltam modelos de conduta e apresentam dificuldades de relacionamento com outras crianças, já que elas não compreendem o seu repertório diferenciado.
Acostumado a ser o centro das atenções e ter seus gostos realizados pelos adultos, o filho único tem dificuldade de dividir e lidar com pessoas que não fazem o que ele espera. Na relação com outras crianças isso tende a se agravar. É comum que o filho único arrume confusões e até bata em um coleguinha, mas isso só acontece até reconhecer as diferentes regras de um novo ambiente.
Assim, é importante os pais de filhos únicos favorecerem o contato de seu filho com outras crianças, levando-os para passear em locais infantis. Outro ponto é saber colocar limites. Muitas vezes, os pais relevam atitudes inadequadas porque o filho é “sozinho”, mas desta forma a criança não aprenderá as consequências de seus atos.
Esperar atitudes maduras do pequeno também pode ser prejudicial para a relação. Lembre-se, ele pode demonstrar algumas atitudes maduras porque convive com adultos, mas ainda é uma criança. Os comportamentos acima do normal são exceção e não regra. Para auxiliar o desenvolvimento saudável do filho único, ensine-o a compartilhar, assim ele terá um melhor convívio com os demais.

Tecnologia para crianças


É cada vez maior o número de crianças que usam celulares, computadores e tablets para ter acesso a informações, jogos ou redes sociais. Algumas chegam até ensinar aos pais a manusear esses equipamentos. Integrantes de uma geração em que a tecnologia faz parte do cotidiano, essas crianças acabam desenvolvendo mais rapidamente algumas de suas habilidades motoras e de raciocínio.
Mas, se desfrutam desses benefícios, também ficam expostas a alguns riscos, que preocupam os pais. Para a neuropsicóloga e pedagoga Denise Milani, esses equipamentos ajudam a desenvolver habilidades cognitivas, como a atenção focada, a atenção dividida, a atenção alternada, a velocidade de processamento e o uso de estratégias.
Em sua opinião, os pais só precisam se preocupar se notarem que os filhos estão muito focados nesse tipo de entretenimento e deixarem de passear e brincar com os colegas. “Algumas crianças ficam viciadas em jogos, sempre querendo melhorar o seu desempenho. Só que muitos desses jogos têm conteúdo agressivo e violento, principalmente para os adolescentes. Já nas crianças menores, o risco maior é o afastamento da vida social, comportamento que se agrava na adolescência. Por isso, é fundamental o papel dos pais, impondo limites ao uso dos aparatos eletrônicos”, afirma Denise
A hora de ficar off-line
O pedagogo Júnior Silveira, da Planeta Educação, concorda com Denise e afirma que a tecnologia não pode tomar o lugar dos pais na vida das crianças. Em sua opinião, o que existe hoje é o mau uso do computador e do tablet, da mesma forma que se faz mau uso da TV, permitindo que ela se transforme em babá dos pequenos.
“Os pais se acomodam ao ver que o filho, entretido, se afasta. Não vigiam o conteúdo, dão liberdade excessiva e ainda se distanciam afetivamente”, explica Silveira. Segundo ele, as atividades feitas no computador ajudam na alfabetização, no desenvolvimento do raciocínio lógico, na identificação linguística (no jeito com que se fala e no jeito com que se escreve) e nas habilidades motoras.
Os cuidados só precisam existir, a seu ver, quando se trata de controlar as horas dedicadas às atividades online. “Alguma coisa está errada se a criança só quer usar o computador, se está mais agressiva e antissocial. Aí é o caso de reavaliar o uso desses equipamentos”, afirma. Ele reconhece, no entanto, que a tecnologia provoca uma motivação muito grande nos pequenos. No trabalho que faz como coordenador pedagógico do programa de Cinema e Educação do município de Votorantim, interior de São Paulo, Júnior promove oficinas para as crianças aprenderem a usar câmeras de celulares e máquinas fotográficas. “Temos outras atividades, como artes circenses, mas tudo que envolve tecnologia tem um apelo maior”, conclui.
Pais sempre alerta
Para os pais que se preocupam com o uso da tecnologia, não há alternativa senão o acompanhamento constante. É o caso da jornalista Camila Crepaldi, de 29 anos, mãe de Pedro, de seis anos. Como ele adora os jogos em celular ou computador e o videogame, ela impõe horário e controla os sites visitados.
“Eu me preocupo porque ele é ligado em tecnologia; quando está no computador, sempre estou do lado.

Ele gosta muito dos jogos do site Pinguim, no qual o cadastro é feito pelos pais, e dos sites de colorir online. O videogame, costuma jogá-lo com o pai, à noite, mas nós evitamos jogos violentos”, explica.
Já o hoteleiro André Couto Garcia, de 35 anos, pai de Lua, de nove anos, e de Lara, que completa dois anos em janeiro, diz conversar muito com a filha maior sobre o uso do computador.
“Hoje, a Lua usa internet e tem um tablet porque pediu de aniversário. Foi um desejo dela para ter acesso aos jogos e à internet e algumas vezes usar o Skype para falar com a amiga que mora na Argentina. Eu monitoro os sites acessados. Vejo sempre o histórico e as conversas dela com as amigas”, afirma.
Mas, sobre como será o comportamento da filha menor com a tecnologia, ele não arrisca palpites. “Tudo muda tão rápido, que não dá para saber que tipos de equipamento e recursos ela terá dentro de alguns anos”, conclui.
Baixe aplicativos para crianças
Uma boa saída é os pais baixarem aplicativos em seus computadores, smartphones e tablets, para brincar com seus filhos. Na hora de procurar os jogos, é preferível escolher aqueles que exigem aptidões adequadas para cada idade: uma criança de dois anos, por exemplo, precisa desenvolver habilidades motoras, enquanto que uma de quatro anos prefere as brincadeiras de construção. Conheça os aplicativos mais adequados para cada faixa etária:
Menos de 1 anoGalinha Pintadinha
Pocoyo TV

A partir de 1 anoSketchBook Express
Talking Tom Cat
Disneyland Explorer
A partir de 2 anosAbelhas Estressadas
Talking Pocoyo
A partir de 4 anosO Verdureiro – Puzzle
Where Is My Perry?

A partir de 7 anosChocoLapps

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dicas da SuperNanny para educação dos filhos

"Vou chamar a SuperNanny”. Está aí uma frase que entrou para o vocabulário dos pais desde a estreia do programa estrelado por Cris Polli, no SBT, em 2006. Filhos que gritam, brigam com os irmãos, não têm limites. Quando os pais já estão de cabelos em pé, eis que chega a SuperNanny. Formada em Letras, a argentina Cris Polli é incisiva quando o assunto são os erros cometidos pelos pais. “Falta autoridade, limite, rotina, regras e principalmente falar não”, diz. Para a educadora, toda criança precisa de regras claras, de uma rotina bem definida e de limites. Os pais devem ser firmes para falar o que deve ser feito ou não. No caso de birras, ignorar é sempre a melhor resposta. Com exclusividade para os leitores de Alô Bebê, SuperNanny indica como se comportar em 10 situações que os pais conhecem muito bem:

1. Quando a criança quer alguma coisa e começa a gritar e se jogar no chão em uma loja ou supermercado
Isso quer dizer que o seu filho não está acostumado a aceitar um não! Se ele age assim em lugares públicos é porque testou este método em casa e deu certo, no caso, os seus pedidos foram atendidos. Coloque regras bem claras e crie o cantinho da disciplina, em casa ou fora dela. Assim que começar a gritar, apenas olhe, sem mostrar qualquer descontrole emocional e leve-o para o cantinho da disciplina.
2. Se a criança insiste em comer andando pela casa
Isso não pode acontecer. A criança tem que comer, sentada à mesa, a comida que a mãe prepara e coloca em seu prato. Para isso, prepare lugar na mesa com prato e talheres e chame-a para se sentar. Caso não queira comer, deixe bem claro que ela não poderá comer mais nada até a próxima refeição.
3. Filhos que não querem dormir sozinhos ou na própria cama
Quando estiver próximo da hora de dormir leve o pequeno até o quarto, prepare sua cama e explique que está na hora de dormir. Você pode deixar a luz acesa ou a porta entreaberta, mas se começar a chorar não vá até o quarto. Aos poucos, ele irá se acostumar.
4. Em caso de brigas constantes entre irmãos. Um quer o brinquedo do outro ou chamar a atenção dos pais
Primeiro separe a briga e mostre-se decepcionado com os dois. Saber disciplinar é o começo do processo educativo. Procure entender qual dos dois começou, explique a situação e no final promova um pedido de desculpas para acertar o relacionamento.
5. Quando se recusa a seguir os horários estabelecidos pelos pais
Neste caso, os pais não podem esquecer que são a autoridade porque eles sabem o que é melhor para seus filhos. Faça valer a sua palavra, independentemente se o pequeno vai gostar ou não, quem dita as regras é você.
6. Chora para conseguir o que quer
Simplesmente ignore o choro, logo o pequeno vai perceber que agindo assim não conseguirá o que quer. Os pais precisam dizer não na hora certa.

7. Não gosta de dividir os brinquedos
Os pais precisam ensiná-los a compartilhar objetos promovendo atividades ou jogos, entre amigos ou irmãos, que incentivem essas atitudes.

8. Quando é repreendido pelos pais responde com palavrões ou “dá de ombros”
Tais atitudes os pais não devem permitir. Discipline mostrando o quanto é errado agir desta forma e exija desculpas para quem estiver envolvido na situação.
9. A criança que mente
Converse e explique porque é errado mentir, mostrando a ela a importância de falar sempre a verdade. O que não dá é para supervalorizar essa atitude da criança, afinal, pode ser só uma fase do desenvolvimento dela.
10. Ir para a escola se torna um tormento, a criança chora e não quer entrar de jeito nenhum
Primeiro veja o porquê isso acontece, se há alguma desavença na escola ou se é somente pelo momento da separação. Caso ela chore para entrar, mas fique bem o resto do dia, com o tempo irá se acostumar.

Socorro! Está Impossível Educar o Meu Filho

Autor: Armando Correa de Siqueira Neto [1]
O verdadeiro educador aprendeu a partir da dúvida, e agora, ensina sem seguir a turba...
Criança chateada
Não é possível construir uma coisa consistente e sólida sobre um alicerce deformado...
Mediante as dificuldades cotidianas de se educar os filhos, vê-se a necessidade de agir com maior rigor, utilizando-se de um planejamento a ser compreendido e discutido entre todos aqueles que convivem com as crianças. É importante criar um método que ajude no processo educacional dos filhos. Não obstante, agir organizadamente traz mais harmonia para dentro dos lares, além de gerar a gostosa sensação de se estar cumprindo a vital missão: educar o ser humano para uma vida mais plena.

Faz-se necessária a lembrança de que a educação infantil deve acontecer em casa, e que à escola compete a formação acadêmica, acrescida de alguns valores. Portanto, é um casamento de forças educacionais e não um jogo de empurra-empurra, no qual a criança deixa de ser educada e de quebra sente-se um transtorno. A educação leva tempo, não ocorre da noite para o dia. Ela é um processo. Não somos máquinas programáveis, somos gente, que necessita de desenvolvimento e maturidade para tornar a vida melhor.

Os últimos tempos têm dado amostras de resultados desastrosos de uma educação com baixos limites em sua estrutura, além da bola-de-neve dos relacionamentos ruins que são desenvolvidos, parte como consequência deste equívoco. Contudo, a natureza é especial, e as possibilidades favoráveis são ilimitadas. Para aqueles que despertam com nova esperança em seus corações, encontrarão força para fazer a diferença, de seu jeito particular, próprio de cada família.

Destacam-se alguns pontos-chave no processo de educação. Eles determinam o grau de êxito em cada caso. São o sacrifício, acordo, objetivos, conhecimento, paciência, firmeza e perseverança. Acrescente outros itens que desejar e melhore ainda mais este encontro de boa vontade na educação dos filhos.

1. SACRIFÍCIO: A tarefa da Educação requer sacrifícios como o da paciência, perseverança e firmeza. Tudo tem um preço na vida. Compreender o resultado do sacrifício ajuda a tornar o custo mais leve. Há tempos as pessoas evitam os sacrifícios, cujo termo significa: privação de coisa apreciada.

2. ACORDO: Todos os cuidadores precisam conhecer e estar de acordo, e agir em parceria. Assim, a força estará concentrada na união e na aprovação sobre a forma de se educar, em comum acordo. A criança percebe o conjunto coerente.

3. OBJETIVOS: Estas tarefas de Educação visam a educar a criança e, consequentemente, trazem mais harmonia para o lar. Todos devem ter conhecimento acerca do que se pretende com a educação.

4. CONHECIMENTO: A criança, a partir de 2 anos de idade aproximadamente, testará e contestará os pais, utilizando-se da famosa birra (choro, esperneação, etc) como instrumento para esta finalidade "Quem não chora, não mama".

5. PACIÊNCIA: Sem a paciência desistimos de nossos projetos, com ela, nos alimentamos diariamente, dando forças para a firmeza.

6. FIRMEZA: Manter a prática firme da educação e criar o seu hábito levam a consistência e a segurança da criança. Lembre-se que o tempo gera o hábito. O hábito gera economia.

7. PERSEVERANÇA: No dia.a.dia é que se constrói a educação, portanto, a sua manutenção persistente é fundamental. A constância permite um resultado bem melhor.

Vale lembrar a questão humana presente na vida familiar: o quanto se está envolvido com os filhos e as influências causadas nos pais em virtude de seus comportamentos. Ou seja, tolera-se ou não certos comportamentos infantis de acordo com algumas experiências passadas dos pais, tais como o choro, as dificuldades, etc. Os pais podem estar "cegos" mediante certos comportamentos dos filhos. A história de vida é singular. Cada um tem a sua, inclusive a criança. Misturar as estações só dificultará o processo educacional, e de convivência. Não é tarefa fácil, todavia vale a pena.

Outra questão é o sentimento de culpa é comum nos pais, em virtude do pouco tempo que passam juntos com os seus filhos, pelo baixo ânimo e paciência que oferecem após um dia de exaustivo trabalho, além do acúmulo de noites mal dormidas, etc. No entanto, a culpa apenas dificulta a educação, diminuindo as chances de se praticar o que é necessário. Os pais acabam invertendo as prioridades, dão o que não deve, a exemplo dos presentes. Não compre os filhos com coisas, compartilhe educação.

Algumas regras colaboram no processo da educação infantil:
  • Estar disposto a certos sacrifícios.
  • Manter comunicação constante. As conversas fazem parte da educação.
  • Não atender as birras, mas aos pedidos.
  • Expor à criança que só será atendida se pedir em tom de voz normal.
  • Evite usar os personagens de televisão para amedrontar ou punir os filhos, faz mais sentido alegar que são os pais ou cuidadores que estão educando.
  • Não voltar atrás.
  • Oferecer algum tempo diário para se dedicar aos filhos, carinho, brincadeiras, etc.
  • Evite a contradição entre o que é dito pelos pais. A criança se sente confusa e dividida.
  • Os pais são o modelo a ser seguido. Pense que tipo de modelo é o seu.
  • Não acredite que o tempo, por si só, dará jeito na situação. Não haveria sentido em existir a educação.
O pedido de socorro emitido pelos pais é compreensível, porém, a criança também grita por ajuda. A birra é uma forma de saciar os prazeres infantis, entretanto, quando atendida, ela agrada e ao mesmo tempo gera um mal estar na criança, que precisa de educação. Quando nos sentimos sem apoio (limites), a angústia é a sensação que expressa tais circunstâncias. O sacrifício de manter a educação é a luta diária que cabe aos pais, e que tem como recompensa a boa formação. Sacrifício requer uma cota de entrega. Em Efésios 5:2, temos: "e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave".

Pense profundamente sobre a entrega que deseja empreender. O método que persiste é aliviado pelo tempo. A criança aprende e cria os seus mecanismos próprios. Creia nela e em suas possibilidades de educação.

Maus-tratos à criança é a violência doméstica mais frequente

“Não são os traumas que sofremos na infância que nos tornam emocionalmente doentes, mas sim a incapacidade de expressá-los”
Alice Miller (Ph.D. em psicologia)


Um dos assuntos que mais me preocupa, pois vejo todos os dias suas consequências nos atendimentos em meu consultório, são os casos de maus-tratos em crianças e/ou adolescentes.
Atendo apenas adultos, que chegam sem amor próprio, baixa autoestima, insegurança, sem noção alguma de valor, o que resulta em conflitos e muitas dificuldades na vida afetiva, profissional e pessoal, ou seja, o que acontece na infância afeta toda uma vida futura.

Pretendo seguir com uma série de artigos sobre o assunto, tanto para abrir espaço para pessoas que foram vítimas, saberem que podem e devem buscar ajuda profissional, como também alertar pais e responsáveis sobre essa educação, que ainda infelizmente existe; onde se acredita que se pode educar uma criança com agressões verbais e físicas. Essa “deformação” em nome da educação, faz tudo, menos educar.

O abuso infantil, ou maltrato infantil, é o abuso psicológico, físico e/ou sexual em uma criança, por parte de seus pais ou responsáveis. Ocorre quando “um sujeito em condições de superioridade (idade, força, posição social ou econômica, inteligência, autoridade) comete um ato ou omissão capaz de causar dano psicológico, físico ou sexual, contrariamente à vontade da vítima, ou por consentimento obtido a partir de indução ou sedução enganosa.

A criança precisa de segurança através de emoções saudáveis para compreender os próprios sentimentos. Um ambiente familiar de violência (química, emocional, física ou sexual) é tão apavorante para a criança, que ela não consegue manter a própria identidade e para sobreviver a dor, passa a focar apenas o exterior e com o tempo ela perde a capacidade de gerar autoestima que vem do seu interior, não sabendo identificar quem ela é, sem noção do seu próprio eu.

O comportamento agressivo por parte dos pais e/ou responsáveis pode ser resultado da violência na infância e da mágoa e da dor não resolvida. Sim, o lamentável é que um adulto agressor em geral também foi vítima de maus-tratos quando criança.

Parte dos pais que emprega a violência física como forma de educação, estão repetindo os atos de seus próprios pais. A criança impotente e ferida transforma-se no adulto agressor. Muitas formas de maus-tratos contra crianças fazem delas um agressor. Foi provado cientificamente que crianças castigadas podem ser mais obedientes a curto prazo, mas a longo prazo tornam-se mais agressivas e destrutivas. Porque na verdade elas tornam-se obedientes não por respeito ou por terem aprendido algo, mas por puro medo.

O tipo mais frequente de maus-tratos contra a criança ou adolescente é a violência doméstica, que ocorre na maioria das vezes no convívio familiar. Sim, é triste, mas essa é a nossa realidade. Quem os comete? No abuso sexual em geral é feito pelo pai, irmãos mais velhos ou tios.

Também considero importante ressaltar que crianças que assistem à violência são vítimas da violência, ou seja, espancar a mãe na frente da criança, equivale a espancá-la. Por isso muitos adultos, mesmo não tendo sido vítimas de agressões, por exemplo, viram sua mãe apanhar do pai, têm as mesmas sequelas de quem foi agredido.

Há 3 tipos de agressões e é importante entender suas definições:
- Violência psicológica/emocional: Envolve agressões psicológicas como xingamentos ou palavras que causam danos à criança. A rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas são formas comuns desse tipo de agressão, que não deixa marcas visíveis, mas causa danos por toda a vida. Gritar, esbravejar com a criança é violar sua noção de valor. Chamar uma criança de estúpida, boba, louca, burra, está ferindo a criança com cada palavra.

A violência emocional deixa como sequelas: perfeccionismo, rigidez e controle.

Pais muito exigentes, não importando o que a criança faça, nunca consegue corresponder às expectativas. Nada do que diz, pensa ou sente está certo, a criança sente-se sempre errada.
- Violência física: Uso da força ou atos de omissão praticada pelos pais ou responsável, com o objetivo claro ou não de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São comuns tapas e murros, agressões com diversos objetos e queimaduras causadas por objetos líquidos ou quentes.

Sim, é preciso entender que omissão por parte de um dos pais, diante da agressão do outro, também é abuso e considerado crime tanto quanto a violência.
Fala de uma criança: “não sei onde minha mãe estava enquanto meu pai me batia, mas sei exatamente que ela não me defendeu, nem com palavras, nem com ações”. O que o mais sensato dos dois genitores estava fazendo quando a criança mais precisava de sua proteção?

Uma criança espancada, arrastada, esbofeteada, ameaçada, dificilmente acreditará que é especial e maravilhosa. O castigo físico corta o elo que a liga ao pai ou a mãe que a maltratam.

A emoção do passado, não resolvida, geralmente é usada contra a própria pessoa. Exemplo: quando adultos podem bater no próprio rosto com os punhos fechados, como sua mãe fazia com ele quando criança.
- Violência sexual: abuso do poder, no qual a criança ou adolescente é usada para gratificação sexual de um adulto, sendo induzida ou forçada a práticas sexuais com ou sem violência física. O abuso sexual pode incluir carícias, exploração sexual e linguagem obscena. A violência sexual causa um ferimento mais profundo do que qualquer outra forma de violência. Uma pessoa violentada sexualmente sente que não pode ser amada pelo que ela é.
O assunto é triste, mas precisa ser falado, discutido, deixar de ser um assunto tabu, oculto em dores silenciadas, que muitas vezes se fazem presentes por sintomas e doenças, e que possamos cuidar dos adultos com suas crianças feridas, para que assim deixem de criar outras crianças feridas, e quem sabe assim, as crianças de hoje possam ser tratadas com todo respeito que merecem, evitando que as dores causadas deixem um rastro com sequelas por toda uma vida.

domingo, 23 de junho de 2013

Crianças abandonadas à própria sorte

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É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Artigo 227 da Constituição)

Cleomar Almeida
fotos: Fábio Lima

Um cenário de descaso aos direitos previstos na legislação é protagonizado por crianças e adolescentes que vivem nas ruas de Goiânia. Segundo dados do último Censo Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua (realizado em junho de 2010, em 75 cidades do País com mais de 300 mil habitantes) a capital de Goiás possui 1.206 crianças e adolescentes nesta condição. Para vê-los no dia a dia não é necessário qualquer esforço. Basta circular nas regiões de feiras, viadutos, semáforos, terminais de ônibus e das duas rodoviárias municipais – nos setores Aeroviário e Norte Ferroviário.

A expressão “situação de rua” inclui tanto os moradores definitivos quanto aqueles a um passo de se incluírem na marginalidade absoluta. São meninos e meninas que ficam nas vias públicas durante todo o dia, pedindo dinheiro e favores, realizando pequenos bicos, furtos, usando drogas, prostituindo-se, mas ainda sem romper o vínculo familiar, pois vez ou outra ainda dormem em casa, explica a socióloga Luiza Monteiro, responsável por coordenar a pesquisa na capital.

Enquanto o problema se expande visivelmente, sequer a abrangência do desafio é conhecida pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas). Sem fornecer um banco de dados atualizado, o órgão computa em 46 o número de crianças e adolescentes pelas ruas de Goiânia, sendo estes atendidos no mês de agosto. Esse número representa uma queda em relação a julho, quando, segundo divulgado, houve 62 abordagens. “Eles migram de uma região para outra e, por isso, não é possível ter um número fixo. Muitos vêm de outras cidades e, depois, vão embora”, disse a titular da pasta, Célia Valadão. Ela não soube informar, no entanto, a quantidade de recursos disponíveis para a secretaria desenvolver o trabalho nas ruas da cidade.

O descrédito na assistência social do setor se demonstra pela falta de políticas públicas que visem à solução do problema. Desde 2010, a prefeitura cortou aproximadamente R$ 10 milhões em investimentos anuais, que eram destinados ao atendimento à população menor de 18 anos em situação de risco e violência, conforme dados da Secretaria Municipal de Planejamento.

Os números de atendimentos da Semas não refletem a dimensão do problema, segundo especialistas entrevistados pelo jornal A Redação. Além de apontar um contingente bem maior de crianças e adolescentes vivendo nas ruas, eles ressaltam que a falta de investimentos atinge a contratação de pessoal necessário para fazer o levantamento, prejudicando assim a metodologia de trabalho. Atualmente, apenas nove pessoas, divididas em três equipes de educadores sociais, são responsáveis por abordar, dia e noite, o grupo alvo em questão, além de adultos, em situação de risco. A secretaria não explicou os critérios usados para definir o número de equipes nem a seleção dos integrantes, responsáveis por atender uma cidade de 1.302 milhão de habitantes (Censo 2010).

A discrepância dos números fornecidos pela Semas é diagnosticada pelo último Censo Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua. O levantamento mostra em Goiânia, na época, um total de 163 crianças e adolescentes morando definitivamente nas ruas.

“É importante fazer essa distinção, porque nem todos que estão na rua deixaram suas casas ainda. Entretanto, podem se tornar moradores de rua, de acordo que o tempo longe de suas famílias aumentar e o trabalho ou o ato de pedir, por exemplo, ocupar mais o seu cotidiano. A partir daí, conhecem outras crianças e adolescentes e param de dormir em casa”, ressalta Luiza, que também é coordenadora do Movimento de Meninos e Meninas de Rua em Goiás (MMMR-GO).

De acordo com a socióloga, o estudo foi desenvolvido, no Estado, pelo Instituto Dom Fernando, vinculado à Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás. Somente em Goiânia, 34 pesquisadores trabalharam para identificar a dimensão do problema. “Prostituição, trabalho infantil, drogas e conflitos familiares estão entre os principais fatores que fazem crianças e adolescentes saírem de casa”, pontua Luiza Monteiro.

Caos e improviso
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), o psicólogo Eduardo Mota também questiona os números apresentados pela Semas. Segundo ele, a secretaria não realiza um trabalho de prevenção suficiente para coibir o problema nem tem metodologia de trabalho adequada. “Goiânia vive um caos na área da assistência social. O município está desleixado nesse campo, que sofre com a retirada tanto de profissionais quanto de recursos”, critica.

O colapso na área faz os profissionais recorrerem ao improviso para tentar suprir a demanda de trabalho. A reportagem do jornal A Redação constatou que, no CMDCA, além de equipamentos eletrônicos estragados, faltam materiais básicos, como papel higiênico e copos descartáveis. “Já fizemos as solicitações para a Semas, mas, até hoje, não houve resposta”, lamenta Eduardo Mota.

A precariedade também se estende aos seis conselhos tutelares de Goiânia. “Cada unidade tem cinco conselheiros, mas apenas um carro para atender à sua região. Houve casos de o trabalho ficar travado por falta de combustível”, afirma o psicólogo. Entretanto, para a secretária titular da pasta, não há necessidade de aumentar a frota. “Os conselhos têm carros para trabalhar e temos muitos outros problemas para resolver. Não podemos prestar atendimento só para crianças e adolescentes”, alega Célia Valadão.

A crise também afetou os trabalhos no Complexo 24 Horas, a única casa de passagem destinada a acolher, provisoriamente, a população de rua menor de 18 anos. Em janeiro deste ano, os profissionais da unidade promoveram uma manifestação em frente à unidade, no Setor Universitário, reivindicando melhorias das condições de trabalho. Eles entregaram um documento, com 32 assinaturas, à Semas e ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), pelo qual denunciaram a falta de equipe multiprofissional, espaço e material pedagógico para desenvolver atividades com o público atendido.

Após 10 meses da denúncia, os profissionais ainda permanecem insatisfeitos, principalmente porque, conforme afirmaram, o complexo não possui profissionais suficientes para atender à demanda. “Muitos educadores sociais começam a trabalhar e desistem porque não se adaptam à função, por falta de recursos ou de preparo”, pontua uma assistente social que trabalha na unidade. “Quem vem aqui encontra tudo quieto mas, na verdade, é apenas um retrato da desarticulação dos trabalhos. A rua está lotada de crianças que necessitam de atendimento”, acrescenta a funcionária, que pediu para não ter a identidade divulgada.

Coordenadora do Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância e Juventude, do MP-GO, a promotora de Justiça Liana Antunes Vieira Tormin entende que o município deve investir em medidas protetivas. “Nem sempre é correto dizer que crianças e adolescentes têm direito de permanecer na rua, porque ainda não possuem autonomia para fazer suas escolhas. O município tem de prestar todo atendimento necessário para que os olhos deles sejam abertos para as oportunidades”, afirma Liana, ressaltando que essa responsabilidade também é da família e da sociedade.

Políticas deturpadasPresidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO), Alexandre Prudente Marques defende investimentos que possam atingir a raiz do problema, que se ramifica. “As políticas de Estado são feitas de forma deturpada. Os gestores aumentam recursos para a segurança pública, revelando que tratam a questão sob a lógica da violência e repressão. Vivemos em situação de barbárie”, alerta o advogado.

Também vinculada à OAB-GO, mas na presidência da Comissão de Direitos Sociais e Acesso à Justiça, a advogada Diane Jayme salienta a falta de atenção e projetos sociais que abarquem questões domésticas, como violência e problemas financeiros, impulsionando a busca de crianças e adolescentes pela “liberdade” da rua. “Se não houver políticas públicas de prevenção às famílias em crise, as crianças terão seus caminhos desvirtuados e se perderão no abandono”, ressaltou a advogada. “A saída é investimento pontual, com mapeamento de focos carentes, fornecendo educação, saúde e também lazer”, emenda.