quinta-feira, 25 de julho de 2013

Saiba como responder às perguntas embaraçosas das crianças

Se a criança tiver menos de dez anos, tente não dar explicações muitos detalhadas durante a conversa
Se a criança tiver menos de dez anos, tente não dar explicações muitos detalhadas durante a conversa


"Deus existe?”, “O que é masturbação?”, “Por que as pessoas morrem?”, “De onde eu vim?” são algumas perguntas feitas por crianças que deixam muitos pais sem saber o que e como responder.
De acordo com Dora Lorch, mestre em psicologia pela PUC-SP e autora do livro “Como Educar Sem Usar a Violência” (Ed. Summus), para esclarecer essas dúvidas, os adultos devem ser objetivos e levar em consideração a capacidade de compreensão dos filhos. Segundo ela, as crianças começam a entender melhor o que é dito a partir dos dez anos. “Antes disso, não adianta querer explicar tudo direitinho”, afirma.
Para a psicóloga, na hora de responder, os pais ficam mais tensos e preocupados do que deveriam. “Eles ficam muito aflitos porque acham que têm de dar uma resposta filosófica para o filho. Certo dia, tive mais uma confirmação da ansiedade paterna. O filho perguntou para a mãe como ele nasceu. Enquanto ela formulava uma explicação complexa, a criança a interrompeu e disse: 'mãe, só quero saber se nasci pelado ou com roupa'. Criança é simples, a gente que complica”, conta.
Veja abaixo relatos reais de perguntas desconcertantes:
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Questões difíceis8 fotos

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"Um dia, a Anna me viu trocando o absorvente e me perguntou se eu estava trocando a fralda", conta Elaine Cristina Mangabeira, mãe de Anna Clara Mangabeira, de dois anos, que mora em Salvador (BA) Leia mais Arquivo pessoal
Quando o assunto é sexo, o desconforto por parte dos pais pode ser ainda maior. Em seu consultório, em São Paulo (SP), a psicóloga Dora Lorch atendeu uma criança que fez uma pergunta embaraçosa ao pai. “Ele perguntou o que era masturbação, e no meio da explicação, interrompeu o pai dizendo: ‘ah tá, é bater com a mão’. A sexualidade da criança não é genital como nos adultos. Isso quer dizer que ela sente prazer de várias formas como, por exemplo, quando mama. Mais tarde um pouco, a criança sente prazer em controlar o momento de fazer xixi e coco, e assim por diante, até chegar na adolescencia, quando o prazer sexual será genital como nos  adultos", explica.
Apesar de a curiosidade ser algo saudável, a filósofa e mestre em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Tania Zagury ensina que, em alguns momentos, a melhor forma de responder a uma pergunta é dizer “porque sim”. “É difícil acreditar, mas, algumas vezes, essa é a melhor resposta”, afirma.
Para a filósofa, que também é autora do livro “Filhos: Manual de Instruções” (Ed. Record), “é preciso que a criança entenda que existe uma hierarquia em casa e são os pais que impõem limites. É preciso ter sensibilidade para entender quando ela questiona por curiosidade e quando passa a ser desafiante”.
Saiba como responder corretamente algumas perguntas feitas por crianças:

Deus existe?

Quando essa pergunta vem à tona, os pais devem dar uma explicação simples, de acordo com a sua crença religiosa. Também é importante explicar que algumas pessoas seguem outras religiões ou crêem em outros deuses. “Se for uma família de ateus, os pais devem dizer que não acreditam na existência de um Deus, mas que outras pessoas acreditam e que isso deve ser respeitado”, orienta a psicóloga Dora Lorch.

Por que as pessoas morrem?

Os pais devem usar situações do cotidiano para explicar de forma concreta como a morte acontece. Dizer “a vovó foi morar no céu” pode deixar a criança confusa, pois até os dez anos ela não entende conceitos sobre a morte, mas entende todo o resto. “O ideal é ensinar o ciclo da vida, ou seja, dizer que as pessoas nascem, crescem, se desenvolvem e um dia morrem. Tudo com muita naturalidade”, ensina a psicóloga pauslista.

O que é sexo?

Responda de forma simples e objetiva, sem rodeios e muitos detalhes. Quanto mais velha e madura a criança for, maior a capacidade de compreensão, e, assim, pode-se aprofundar nas explicações. “Em geral, o questionamento vem após terem visto ou ouvido algo que despertou a curiosidade delas”, explica Dora Lorch. “Me recordo de uma situação em que algumas crianças ficavam encostadas no muro olhando para um prédio. Elas ficavam todos os dias no mesmo horário observando algo na janela. Os pais, preocupados, foram investigar e descobriram que uma moradora transava na sala. E sabe o que é curioso? É que as crianças não estavam prestando atenção no ato sexual. O que elas queriam entender era por que isso acontecia sempre que o marido da vizinha ia trabalhar. Ou seja, o que as intrigava não eram os amassos, era o fato dela receber um homem “estranho” em casa”, conta a psicóloga. Portanto, sempre que seu filho perguntar sobre sexo, investigue para saber o que o levou a ter essa curiosidade


Por que preciso comer tudo?

Para a filósofa Tania Zagury, a melhor justificativa é: “Porque você precisa se alimentar para poder ter força e disposição para brincar e estudar”. Se a mãe tem dificuldade de fazer com que o filho coma, Tania orienta: “A refeição deve ser vista como uma necessidade, então é importante deixar claro para os filhos que comer faz parte da rotina diária e que é fundamental para se manter forte e saudável. Esse argumento pode ser usado na hora que a criança fizer manha ou tentar manipular a mãe para ganhar algo em troca”.

De onde eu vim?

“Aconselho dizer que a criança surgiu do amor do papai e da mamãe. E que depois de ficar nove meses na barriga da mãe, nasceu e cresceu", orienta a psicóloga Dora Lorch.

Por que existem pessoas com cores diferentes?

"Porque as pessoas nascem com a cor parecida com a de seus pais. E é normal ter outra cor”, responde Dora.

Por que as crianças dormem sozinhas e os adultos dormem juntos?

De acordo a psicóloga paulista, a melhor resposta é: "Papai e mamãe dormem na mesma cama porque são casados. Você dorme sozinho no quarto porque não tem irmãos. Em muitas casas, as crianças dividem o mesmo quarto. Quando você crescer vai poder escolher um adulto para dormir na mesma cama com você”. Segundo Dora, “é normal a criança fazer esse tipo de pergunta, pois quer ser inserida em toda rotina do casal, mas ela deve entender que não pode".
  • "Se não dormir, ficará cansado para brincar amanhã"

Por que tenho de ir dormir mesmo sem sono?

“É simples: se você não dormir agora, vai ficar morrendo de sono e não vai conseguir brincar amanhã. Vamos ler uma historinha para que o sono venha e você possa descansar”, responde a psicóloga Dora Lorch. Ela afirma que crianças com até cinco anos precisam dormir cerca de dez horas por noite, sem contar as sonecas durante o dia, portanto, é preciso colocá-las na cama cedo. “Mande seu filho escovar os dentes e colocar o pijama meia hora antes dele ir dormir. Na cama, leia um livro ou conte uma história agradável. Assim, ele vai pegar no sono com mais tranquilidade e naturalidade”, ensina.

O que é menstruação?

"É algo que acontece com as meninas e a mamãe já passou por isso. É como se você usasse um tipo de fralda que agora vai chamar absorvente, sabe? Faz parte da vida e do desenvolvimento das meninas e isso é normal", responde a psicoterapeuta infantil Carolina de Souza e Silva.

O que é ser homossexual?

A psicoterapeuta indica a melhor resposta: "É uma pessoa que gosta de alguém do mesmo sexo. Por exemplo, se a mamãe fosse homossexual, seria casada com outra mulher. A mamãe é heterossexual porque gosta do papai, que é homem".

Dez erros que os pais cometem e afastam os filhos adolescentes

Na adolescência, há um afastamento natural, para que os filhos possam testar sua autonomia
Na adolescência, há um afastamento natural, para que os filhos possam testar sua autonomia

A adolescência é um período complicado para pais e filhos. As relações ficam mais difíceis, as preocupações aumentam e é preciso administrar com calma essa fase cheia de experiências novas para os jovens. Para evitar o distanciamento, duas especialistas listam dez erros comuns, cometidos pelos pais, em relação aos adolescentes.

1º ERRO: não entender que os filhos cresceram
As crianças são muito ligadas aos pais. Mas, na adolescência, há um afastamento natural, para que os filhos possam testar sua independência e autonomia. E isso não significa que os jovens não gostam mais de seus pais. A psicóloga Marina Vasconcellos explica que os adultos devem entender esse momento e dar mais liberdade (claro, com limites). “Não dá para permitir tudo, mas é um erro impedir que os adolescentes tenham experiências novas, afinal, eles cresceram e precisam disso para a construção da identidade.”

2º ERRO: minimizar as descobertas
Os pais costumam dizer aos filhos que sabem perfeitamente pelo que eles estão passando, pois já viveram tudo aquilo. E, portanto, acham que podem dizer qual é o melhor caminho. Marina diz que isso é um erro. “É preciso respeitar o momento do filho, sem impor seu modo de pensar. Por mais que tenhamos ideia de como é, agora é a vez deles”, diz a psicóloga. “É impossível impedir o sofrimento dos filhos. Todos têm tristezas e dificuldades. Os jovens também.”

3º ERRO: não saber como controlá-los
Os adolescentes se consideram maduros e não gostam de dar satisfações. Mas precisam. E o ideal é fazer com que isso aconteça naturalmente, sem a necessidade de cobrar explicações. De acordo com Marina, “se os adolescentes são tratados com respeito, geralmente, retribuem da mesma maneira”, diz ela. “Pais que julgam bloqueiam os filhos, que se fecham. Em uma relação saudável, as conversas fluem normalmente. Isso inclui falar sobre que estão passando, apresentar os amigos, compartilhar as experiências”. O conselho dela é dar espaço para que o filho se abra, sem que sinta medo de ser julgado. “Quebre o clima de tensão entre vocês com bom humor.”
 
  • Thinkstock Não minimize as descobertas do seu filho sempre repetindo que já passou por tudo isso
4º ERRO: exagerar nas cobranças
A adolescência é uma fase de muitas cobranças. Os pais querem que os filhos tenham um bom futuro, estudem, tenham boas companhias, criem responsabilidade, não se envolvam com drogas... A sugestão de Marina é escolher a forma certa de cobrar. “Os pais devem ser afetuosos, senão não funciona. Não podem apenas cobrar. A cobrança precisa ser intercalada com carinho, diversão, momentos descontraídos e diálogos. Muita pressão cansa os dois lados: adolescentes e pais.”

5º ERRO: não saber dar liberdade
Podar demais não dá certo. “Deixe que o seu filho durma na casa dos amigos”, exemplifica Marina Vasconcellos. “Ligue para os pais do amigo, certifique-se de que é seguro e permita”. De acordo com a psicóloga, os pais têm dificuldade para saber qual é o momento certo de permitir que os filhos saiam à noite. “Aos 15 ou 16 anos, eles querem chegar mais tarde em casa. Querem ir para as baladas. Deixe-os ir, mas é importante ir buscá-los, para ver como saem dessa balada (se estão com os olhos vermelhos ou bêbados, por exemplo)”, recomenda a psicóloga. “Combine um horário condizente com a idade e a maturidade do seu filho.”

6º ERRO: demonstrar falta de confiança
Certificar-se de que o seu filho está em segurança é bem diferente de vigiá-lo. De acordo com a psicoterapeuta Cecília Zylberstajn, o filho pensa que, se o pai não confia nele, pode fazer o certo ou o errado, pois não fará diferença. “Investigar exageradamente não estimula a responsabilidade. Gera um clima de desconfiança –e as relações íntimas são baseadas na confiança”, alerta a especialista. “Diga para o seu filho que quer se assegurar de que ele estará bem e informe-se, mas não aja às escondidas.”

7º ERRO: desesperar-se nas crises
Os adolescentes dão trabalho. Mas é essencial agir com cautela. “As reações precisam ser proporcionais aos fatos”, diz Cecília. “Se o seu filho entrou em coma alcoólico é uma coisa, se chega cheirando a bebida é outra. Os pais devem hierarquizar a gravidade dos problemas”. De acordo com a psicóloga, ter uma reação desmedida (ou dar broncas muito frequentes) estimula o filho a mentir. “Para o adolescente, o problema é a bronca. Ele não pondera se suas atitudes podem ser perigosas. Por isso, converse com calma, para entender as razões que o levaram a fazer escolhas erradas. Descubra se é algo frequente e explique as consequências.”
  • Thinkstock Colocar defeito em todos os namorados dos seus filhos pode afastá-los de você. Cuidado!
8º ERRO: constranger os filhos
Na adolescência, é comum os filhos terem vergonha dos pais. Tente compreender isso. Cecília explica que os pais são munidos de informações que podem envergonhar o filho diante dos amigos. Particularidades que só os pais sabem, mas que o jovem não quer que sejam reveladas. “Os adultos precisam evitar expor a intimidade dos filhos, pois, muitas vezes, o deixam constrangido. Evite, também, estender muito as conversas com os amigos dele. “Pai e mãe não são amigos. Pais que querem ser amigos não estão sendo bons pais”, alerta Cecília. “A relação precisa ser hierárquica. Isso não significa que tenha de ser ruim. A diferença é que, com amigos, temos relações de igual para igual. Entre pais e filhos não é assim”, diferencia a psicóloga. “Os pais podem ser bacanas, compreensivos, divertidos, mas são pais.”
9º ERRO: colocar seu filho em um altar
Pare de pensar que ninguém está à altura do seu filho. É comum os pais colocarem defeitos em todos os amigos e, principalmente, nos namorados que os adolescentes têm. Cecília lembra que o excesso de julgamento faz com que os filhos se fechem. “O resultado de tantas críticas é que os filhos passam a esconder namorados e amigos dos pais. Eles perdem a vontade de apresentar pessoas com quem convivem e começam a ficar mais na rua do que dentro de casa”, alerta.
10º ERRO: fazer chantagens
Ameaçar cortar a mesada, caso o filho não obedeça, é muito comum. Assim como dizer que, enquanto ele viver às suas custas, não poderá tomar certas atitudes. “Isso é uma chantagem e não educa”, resume Cecília. “Os pais devem explicar as razões que os levam a proibir determinados comportamentos. Com ameaças, o jovem apenas obedece para não perder um benefício”. A psicóloga diz, ainda, que, agindo assim, a relação entre pais e filhos fica muito rasa. “É como beber e dirigir: quem não faz, pois sabe que é perigoso para si e para as outras pessoas, compreende o problema. Quem deixa de fazer apenas por medo da multa, não entende os riscos”, exemplifica.

Filhos terríveis podem ser reflexo do comportamento dos pais

As crianças absorvem os exemplos dos pais. Por isso, suas atitudes diante deles servem como lições
As crianças absorvem os exemplos dos pais. Por isso, suas atitudes diante deles servem como lições

Crianças agressivas, respondonas, mimadas, metidas... Tão difíceis que até os pais não conseguem lidar com elas -mas não se dão conta de que, provavelmente, eles têm grande responsabilidade pelo comportamento dos filhos. Até por volta dos 11 anos, os pequenos são como esponjas: absorvem tudo que vêm do pai e da mãe, seus maiores exemplos. Bons e maus hábitos são incorporados. Porém, como são crianças, o reflexo acontece na forma de birra, gritos, desobediência. Na adolescência, o resultado é reclusão e rebeldia.
É provável que muitos pais se perguntem: “mas o que temos feito de errado?”. A verdade nem sempre é fácil de alcançar, pois não há manual que ensine a lidar com qualquer relação afetiva. O primeiro passo para compreender seu filho a ser um reflexo do seu é tentar desvendar e rever as próprias ações. Lembre-se: nenhuma criança (ou família) é igual à outra. As situações a seguir, com suas devidas justificativas, são exemplos do que costuma acontecer na maior parte dos casos. Não são regras, portanto; mas podem ajudar a sinalizar o caminho.

SE O SEU FILHO É...

  • Contestador
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    Adolescentes contestadores = pais autoritários
    A rebeldia é o motor básico dessa fase de vida, pois serve para que a gente descubra quem, de fato, somos. Porém, alguns rapazes e garotas acabam exagerando na dose, em especial se têm pais extremamente autoritários. Quanto mais os pais tentam exercer o poder, sem a menor chance de negociação, mais os filhos o repelem.
    “O melhor é promover um ambiente em que ambas as partes se ouçam. Atitudes autoritárias nos afastam mais de nossos adolescentes e mostram fragilidade. Autoritarismo implica em não se ter autoridade”, sentencia Maria Sylvia de Souza Vitalle, chefe do Setor de Medicina do Adolescente do Departamento de Pediatria da Unifesp.

    “Ser contestado é difícil... É um exercício difícil o de olhar o outro e pensar que a perspectiva dele talvez possa estar certa... Mas também pode estar errada. E a grande arte, nesse caso, é o diálogo. Ele possibilita a emissão de opiniões a favor e contrárias a um determinado ponto, até se chegar a um acordo comum”, pondera a especialista.


     Fechado
     Adolescentes fechados = pais reservados Muitos adolescentes encaram qualquer conversa como uma D.R. (discussão de relacionamento) chata. Em vez de só chamá-lo para reclamar das notas vermelhas ou cobrá-lo por algo que ele deixou de fazer, converse sobre os interesses em comum ou as qualidades que ele tem.
    “Contar alguma experiência da sua adolescência também ajuda bastante e tira o ar de sermão do bate-papo”, destaca o psicólogo Ricardo Monezi, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que ainda recomenda olhar o adolescente com compaixão.

    “Lembre-se de sua própria adolescência e da insatisfação, insegurança e angústia que provavelmente sentiu. Coloque-se no lugar do seu filho, entenda o que o ele está passando e ofereça ajuda”, aconselha


     Desobediente

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    Crianças desobedientes = pais contraditórios
    A mãe dá uma tremenda bronca no filho por causa da sujeira e da desordem do quarto. No carro, atira uma latinha de refrigerante ou uma bituca de cigarro pela janela. O pai reclama que a filha pequena só quer saber de bolacha recheada e não come nenhum legume, fruta ou verdura. Mas, em seu prato, ele tem um bife cheio de gordura e batata pingando óleo.
    Não são raros os pais que são adeptos, ainda que de forma inconsciente, da lei “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!”. “O problema é que se o discurso não corresponde à prática, qualquer tipo de bronca ou sugestão tende a ser desprezado pela criança”, pontua o psiquiatra Wimer Bottura, membro da Associação Paulista de Medicina (APM).

    Se o pai ou a mãe não respeitam aquilo que pregam, por que deveriam cobrar isso da criança? O modo que os pequenos encontram para mostrar à família essa contradição é desobedecer as regras, claro
 Raivoso

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Crianças raivosas = pais distantes
De acordo com o psiquiatra Wimer Bottura, membro da Associação Paulista de Medicina (APM), a agressividade infantil, na maior parte das vezes, é um pedido de socorro. “Prestem atenção em mim!”, é o que a criança gostaria de gritar, se soubesse expressar em palavras o que sente.
“A raiva é uma questão de sobrevivência, nesse caso. O que a criança deseja é que a escutem, que a percebam, que reparem em suas necessidades”, explica o psiquiatra. E quais são essas necessidades? Podem ser as mais variadas possíveis: alertar que está sofrendo bullying na escola, que sente falta de carinho e contato físico por parte dos pais, que gostaria que lhe contassem uma história antes de dormir, que se sente só...

Tudo depende da história de cada família, mas o fato é o que os pais não vêm decodificando suas mensagens – e precisam, com urgência, dar um jeito de fazer isso


 Metido

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Crianças muito autoconfiantes = pais que amam demais
Todo mundo ama demais seu filho. E elogio nunca é demais, certo? Errado! Você pode acreditar que está esculpindo a autoestima com as melhores ferramentas quando diz que ele é o mais linda da escola, o mais inteligente da classe, o mais popular do condomínio. “Entretanto, há o risco enorme de ele se tornar megalomaníaco e acreditar que é melhor do que os outros”, avisa a psicóloga Suzy Camacho.
O resultado é que vai ser considerado metido e insuportável pelas outras pessoas, que se afastarão de sua companhia. Geralmente, uma criança com esse perfil se transforma na idade adulta na eterna insatisfeita, pois nada corresponde ao seu perfeccionismo. Elogie, sim, lamba a cria mesmo, mas carregue menos nas tintas. E procure enaltecer, sobretudo, as atitudes.


 Mimado

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Crianças mimadas = pais medrosos
Muitos pais, na tentativa de compensarem o sofrimento ou a necessidade que tiveram na infância, acabam por mimar demais os filhos, cobrindo-os de presentes e satisfazendo todas as suas vontades. “A criança não aprende a lidar com a frustração, e esse aprendizado é fundamental para que se transforme em um adulto mentalmente saudável”, alerta Suzy Camacho, psicóloga de São Paulo.
Mal-acostumada, a criança pode reinar em casa, mas na escola ou com o grupo de amigos do prédio, por exemplo, vai ser vista como a chatinha que quer tudo do jeito dela, tornando-se "persona non grata" para as brincadeiras.

“Em vez de gastar com brinquedos os quais a criança nem pediu, que tal proporcionar um passeio, um piquenique, uma tarde diferente? É a lembrança de bons momentos que levamos para a vida adulta, não os presentes que ganhamos”, sugere Suzy, que faz ainda uma comparação: “Nós levamos os nossos filhos para vacinar mesmo sabendo que vai doer, que vão chorar, mas temos consciência de que é para o bem delas. Dizer não dói do mesmo jeito, mas também é para o bem. Ensina a dar valor a determinadas coisas.”


 Valentão

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Crianças que praticam bullying = pais agressores
O ponto de origem, aqui, não inclui a violência física, e sim verbal, sutil, cometida pelos pais e presenciadas pelos filhos. Alguns exemplos? Tratar mal o garçom, humilhar o porteiro do prédio, ignorar um pedido da empregada doméstica, fazer piadinhas de mau gosto sobre etnias ou orientações sexuais. “Essas demonstrações acabam contaminando os pequenos que, na escola, se sentem à vontade para fazer graça com a cara do coleguinha”, diz a psicóloga Suzy Camacho, de São Paulo.
“Criticar a criança na frente de todo mundo também é um ataque perverso, pois ela se sente humilhada”, completa. Se isso acontece com uma certa frequência, é comum que, mais cedo ou mais tarde, acabe descontando em alguém (mais fraco, menor, mais tímido) a humilhação que sofre em casa. Vale a pena repensar os próprios valores e, se não puder mudá-los, no mínimo tentar ensinar o filho a respeitar a diversidade através do exemplo. E evitar chamar a atenção de uma criança em público.

domingo, 21 de julho de 2013

A descoberta da sexualidade

Qual é o papai ou a mamãe que não ficam em uma saia justa quando seus pequenos começam a descobrir sua sexualidade?
Atitudes embaraçosas, perguntas constrangedoras...
Tudo isso faz parte do desenvolvimento saudável da criança desde que sem exageros.
É importante tentar perceber quando a criança está demonstrando uma curiosidade de acordo com sua idade ou sua vontade de conhecer mais está extremamente exagerada podendo configurar um transtorno.
Uma regra que vale sempre, não só no assunto sexualidade, mas em todos os momentos em que são questionados, é sempre dar respostas verdadeiras e diretas. Se uma criança pergunta como ela nasceu o papai ou mamãe podem responder: “No hospital. Você saiu da barriga da mamãe.” Se esta resposta for suficiente para a curiosidade a criança vai parar por aí. Se não foi certamente virá outra em seguida e mais outra até que ela obtenha uma resposta que satisfaça sua dúvida. O que não deve acontecer é querer dar uma aula de anatomia, relacionamentos e reprodução quando a pergunta é bem mais simples.
Quando os pais ficam absolutamente sem ação é melhor dizer a criança que não sabem a resposta, que vão pesquisar e depois dizer a ela, do que inventar uma resposta não verdadeira. Se ela não ficar satisfeita com a resposta, certamente irá buscá-la em outra fonte.
É preciso compreender que essa descoberta é saudável e importante para o desenvolvimento da sexualidade adulta sem traumas.
Por volta dos 3 anos, geralmente livres das fraldas, começam a ter curiosidade pelos seus órgãos, tocá-los e percebem que dá prazer. Então começam a perceber as diferenças entre meninos e meninas. Muitas dessas situações vão ocorrer e o que mais os pais e educadores devem estar atentos é às situações compulsivas e recorrentes.
É preciso passar a elas que essa descoberta é normal, dá prazer, não é “feia”. Da mesma forma que você precisa de privacidade para ir ao banheiro, outras atitudes também precisam. Como agir em uma situação como essa? Tanto pais como educadores devem fazer com que ela saiba lidar com sua descoberta e perceba que há hora e lugar para a exploração.
Quando a criança insiste em um comportamento em casa ou na escola, proponha a ela uma outra atividade. Um jogo, uma brincadeira fazendo com que ela perceba que aquele momento é inapropriado para sua “pesquisa”.
Ao largar as fraldas muitas das crianças têm um choque ao visualizar o amiguinho no banheiro e perceber que ele ou ela tem algo a mais ou a menos. É a chamada síndrome da castração segundo Freud. A menina pensa que lhe falta um pedaço ou ainda vai crescer. Os meninos por sua vez ficam horrorizados pensando o mesmo e achando que se aconteceu com elas pode também acontecer com eles. Por isso é importante mostrar a elas as diferenças. Deve-se passar uma mensagem clara para que não haja um problema de identificação sexual.
Por volta dos 5 anos aparece a curiosidade em explorar o corpo dos amigos. Ela está descobrindo o seu próprio corpo e o dos outros. Mais uma vez é importante perceber qual a conotação para ela. Crianças não têm uma visão erótica dessas manifestações. Essa idéia está no pensamento já estereotipado do adulto.
Troca de papéis
Meninos encantados pelas brincadeiras e brinquedos “de menina” ou vice-versa? Não é motivo para desespero.
Diferenças físicas, genéticas, hormonais, de interesse, de amadurecimento... Poderíamos enumerar milhares de diferenças entre meninos e meninas.
Muito se discute qual a carga genética e qual a participação do meio ambiente no comportamento das crianças.
Em um primeiro momento não há porque se desesperar quando o menino ou menina opta por brincadeiras normalmente preferidas do sexo oposto. Uma conclusão à priori só vem reforçar um raciocínio preconceituoso que imagina erroneamente que irá afetar a sua sexualidade na idade adulta.
Hoje, estamos presenciando uma confusão de papéis: família e escola têm trocado sistematicamente responsabilidades ora de um ora de outro. Ambas instituições são primordiais na formação do indivíduo, mas lembremos que os valores familiares são essenciais na formação da criança e esses são passados em atitudes mais do que em discursos.
Na formação da sexualidade não é diferente. A ligação afetiva da criança com seus pais começa no nascimento e evolui através da demonstração dessa afetividade com abraços, palavras doces, carinho, na hora do banho, da troca dentre inúmeros outros momentos de relacionamento muito próximo.
A criança que por um ou outro motivo foi privada desse contato pode ter dificuldade de se relacionar no futuro além de poder desenvolver problemas também na definição de sua própria sexualidade. Biologicamente falando, meninos identificam-se com os pais e meninas com as mães. Na ausência constante de um deles é necessário que haja uma pessoa próxima e íntima que assuma esse papel de modelo de tipificação.
Até o final da fase pré escolar não se pode ainda afirmar que a criança tem sua opção sexual definida. O fato de mostrar um interesse maior por algo tipicamente do outro sexo pode, na verdade significar que ela simplesmente, pela falta de um modelo freqüente de seu mesmo sexo, não sabe o que um menino ou menina de 4 anos faz? Que tipo de brincadeiras gosta? Como se comporta? Não que com isso queira traçar um padrão já que sabemos que ele não existe. A maior parte desses comportamentos acontece porque a criança não convive com o modelo do mesmo gênero. Essa identificação acontece quando a criança percebe-se pertencente a um sexo e não outro. O que ocorre normalmente no início da socialização e é reforçado primeiramente pelos pais e posteriormente escola e amigos.
“Segundo Stoller (1993), o núcleo da identidade de gênero vai resultar de 5 fatores:
1) de uma força biológica, originada na vida fetal e comumente genética em sua origem, compreendendo os cromossomos masculinos (XY) e femininos (XX);
2) da designação do sexo do bebê, na hora do nascimento, da observação dos órgãos genitais externos (pênis ou vagina) pelo médico e pais, e do convencimento destes pais desta designação;
3) da influência incessante desta designação por parte dos pais, principalmente pela mãe, e a interpretação destas percepções pelo bebê, o que Silva (1999) adequou a chamar de socialização, na qual a criança passa a internalizar as regras culturais;
4) dos fenômenos bio-psíquicos, que são os efeitos pós-natais precoces causados por padrões habituais de manejo do bebê, ou seja, estão relacionados a aprendizagem e diretamente relacionado com o item 3;
5) e do desenvolvimento do ego corporal, resultante das qualidades e quantidades de sensações, principalmente nos genitais, que define o corpo e as dimensões psíquicas do sexo da pessoa.”
O mais importante é fazer com que a criança possa ter experiências, das mais diversas com a figura masculina ou feminina, do mesmo gênero, preferencialmente o pai ou a mãe.
O transtorno de identidade pode ser caracterizado quando aparece na infância, antes da puberdade e caracteriza-se por um intenso sofrimento em pertencer a um sexo junto com o desejo de pertencer ao outro. Por isso deve-se ser muito cuidadoso ao se fazer um diagnóstico.
É preciso uma observação constante, longa e notar se a criança realmente pode apontar para um transtorno ou se ela não tem os modelos necessários para desenvolver seu gênero de uma forma habitual.
Karen Kaufmann Sacchetto - Colunista do Guia do Bebê
Karen Kaufmann SacchettoPedagoga
Especialista em Distúrbios de Aprendizagem
Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento

sábado, 20 de julho de 2013

Transtorno de Ansiedade Infantil

Minha prática clínica em atender crianças tem apontado nesses anos, um aumento significativo para o Transtorno de Ansiedade Infantil. Acredito que isto esta relacionado a vários fatores como maior conhecimento dos transtornos psíquicos, pesquisas apontam aspectos genéticos e familiares em conjunto a situações ambientais desfavoráveis para o desenvolvimento saudável infantil.

Entre estes aspectos é possível citar, perdas familiares, violência física e sexual, acidentes entre outros. Também ressalto que o tempo em que a criança ficou exposta e a forma como ela interpretou toda essa situação.

Estudiosos verificaram que até 10% de crianças e adolescentes sofrem de algum tipo de ansiedade, sendo que metade desses irá desenvolver episódios depressivos como reflexo da alta ansiedade. Em relação ao sexo a prevalência é equivalente entre os meninos e meninas.

SINTOMAS

- fadiga, tensão, irritabilidade, controle excessivo do ambiente.

-Sintomas psicossomáticos como, dores de cabeça, barriga, náuseas, tontura, dificuldade para dormi, respirar, sensação de desmaio.

-medo irracional, pensamentos negativos,

-Grande insegurança, diminuição da atenção, evitação social, o que prejudica seu desenvolvimento social.

Destaco que dependendo do grau de ansiedade surge a gama de sintoma, entre os citados acima.
 
TIPOS DE ANSIEDADE
 
-Transtorno de Ansiedade de Separação: a criança quando separada (perda) dos pais /cuidador desenvolve medo irracional e acredita que algo ruim deve ter acontecido com eles. O sofrimento sentido é muito grande com predominância de pensamentos obsessivos para acidentes, violência, morte, inicia-se uma fase em que a criança acredita que algo também irá acontecer com ela.

Como defesa a essa situação a criança fica muito apegada aos cuidadores e se desespera quando eles saem de perto, desencadeando sintomas somáticos.

-Fobias: é caracterizado por sentimento intenso de medo geralmente voltado para situações ou objetos específicos como: medo de médico, dentista, animal, escuro etc. A criança ao se deparar com essas situações se descontrola havendo agitação motora, mas principalmente sente necessidade de fugir do local.

Dentro das diversas fobias destaco a social, que interfere negativamente no desenvolvimento social infantil como, por exemplo, apresentar trabalhos, reuniões sociais, se expor perante a turma.

-Transtorno de Ansiedade Generalizada: a criança já vem apresentando diversos medos, mas a família não percebe ou não valoriza as queixas e este comportamento vai sendo ampliado e a criança começa a ter muitos medos e preocupações em ser aceito pelo grupo social, escola e seu próprio desempenho. Este transtorno ocasiona grande sofrimento, evitação social e muitas vezes é interpretado pelos pais como fraqueza e exigido que ela enfrente essas situações de maneira desprovida de segurança, o que só piora o quadro e o sofrimento.

-Transtorno do Pânico: são ataques recorrentes de medo exagerado e intenso com sensação de morte somado a reações somáticas e a busca frenética por um diagnóstico que descubra a doença. O Pânico geralmente surge na adolescência, sendo mais raro na infância. Geralmente vem acompanha de depressão e agorafobia que é o medo de lugares fechados.

-Transtorno de Estresse Pós Traumático: é visto em criança que passou por situações de grande impacto como violência física ou sexual, catástrofes, acidentes, perdas significativas deixando várias sequelas em seu desenvolvimento, como sentimentos de horror, pesadelos, comportamentos de isolamento, apatia ou agressividade.·.

TRATAMENTO

É necessária a combinação entre o psiquiatra infantil para determinar o uso do medicamento somado ao atendimento psicoterápico, para que a criança modifique seu comportamento, retome sua segurança e autoestima. Também é importante orientar a família para que ela compreenda as necessidades da criança.
Quando a criança é pequena normalmente o psicólogo trabalha com brinquedos para que ela compreenda através da linguagem lúdica o que aconteceu e como superar.

Transtorno Bipolar na Infância

A infância é uma época estratégica da vida do ser humano. É quando se dá um grande desenvolvimento físico, psicológico e mental, concomitantemente ao aprendizado básico indispensável para todos os que se seguirão por toda vida.
A relevância da observação dos comportamentos e aquisições intelectuais da criança e do adolescente feita por pais e professores é imensa, mas não substitui uma avaliação médica e de especialistas em diferentes áreas, quando estes comportamentos fogem da freqüência e intensidade usuais.
Até alguns anos atrás, poucas eram as doenças mentais reconhecíveis na infância. Com o aumento das pesquisas e o incremento de estudos científicos, os diagnósticos de vários transtornos psiquiátricos em crianças e adolescentes tornaram-se possíveis e decorrentes dessa nova condição. Aparentemente, os casos se multiplicaram numericamente e se fizeram mais conhecidos pela população em geral.
Entre esses, o Transtorno do Déficit da Atenção, com ou sem hiperatividade (TDA/H) e o Transtorno do Humor Bipolar (THB) têm sido objeto de muitos estudos em vários países, pois ocasionam forte impacto sobre a vida escolar, pessoal, familiar e mais tarde profissional do paciente, especialmente quando não devidamente diagnosticados e tratados por equipes de profissionais especializados.
O TDA/H, hoje muito comentado em função da amplitude da divulgação na imprensa, é um exemplo. Conhecido dos médicos há várias décadas, com o advento das especializações, como por exemplo a psicopedagogia, passou a ser objeto de estudo multidisciplinar e os resultados dos tratamentos têm sido, em sua grande parte, de enorme valia, tanto para os pacientes, como para suas famílias e a sociedade.
Os prejuízos decorrentes da falta de diagnóstico e do acompanhamento médico e psicopedagógico vão do fracasso escolar à evasão, da baixa auto-estima à depressão, da rejeição do grupo ao isolamento, às drogas, à gravidez precoce, à promiscuidade sexual e marginalização, entre outras.
Infelizmente, a especulação por parte de alguns profissionais não credenciados para tal avaliação, ou ainda, diagnóstico feito por pessoas leigas, tem trazido mais problemas aos que já sofrem com esse transtorno. Generalizou-se, irresponsavelmente, por exemplo, chamar de TDA/H a toda e qualquer manifestação de inquietação, distração ou falta de limite que as crianças e jovens apresentem na escola ou em casa. Como conseqüência, casos em que o transtorno não existe de fato aparecem em toda parte, banalizando um problema sério e de grande repercussão sobre a vida dos pacientes reais e sua família. Estes falsos diagnósticos são geralmente feitos à base de “achismos” como o preenchimento de questionários ou testes sem qualquer base científica ou mesmo ao sabor das conveniências pessoais de alguns adultos, que pensam dela tirar proveito, seja para justificar uma educação deficiente em limites, normas e atenção à criança ou, ainda, a outros interesses particulares.
O Transtorno de Humor Bipolar em crianças é outro exemplo de doença psiquiátrica que exige seriedade no encaminhamento, pois, nessa faixa etária, a sua sintomatologia pode se apresentar de forma atípica.
Assim, ao invés da euforia seguida da depressão dos adultos, nas crianças surge a agressividade gratuita seguida de períodos de depressão. Nestas, o curso do Transtorno é também mais crônico do que episódico e sintomas mistos com depressão seguida de “tempestades afetivas”, são comuns. Além disso, a mudança é rápida e pode acontecer várias vezes dentro de um mesmo dia, como por exemplo: alterações bruscas de humor (de muito contente a muito irritado ou agressivo); notável troca dos seus padrões usuais de sono ou apetite; excesso de energia seguida de grande fadiga e falta de concentração. Esses são alguns sintomas que devem ser observados.
Os diagnósticos de transtornos da saúde mental são difíceis mesmo para os especialistas, pois é alta a prevalência de comorbidades, ou seja, o aparecimento de dois transtornos simultaneamente, o que exige conhecimento, experiência e observação minuciosa do médico e da equipe envolvida, como psicólogos e psicopedagogos.
É importante salientar ainda que estes transtornos afetam seriamente o desenvolvimento e o crescimento emocional dos pacientes, sendo associados a dificuldades escolares, comportamento de alto risco (como promiscuidade sexual e abuso de substâncias), dificuldades nas relações interpessoais, tentativas de suicídio, problemas legais, múltiplas hospitalizações, etc.
Os diagnósticos devem sempre ser realizados por médicos psiquiatras ou neurologistas em conjunto com psicopedagogos, que ao diagnosticarem e acompanharem a criança, se preocupam em dar também orientações à família e à escola.
Minimizar esses transtornos só piora suas conseqüências e prejudica o paciente. Somente especialistas podem afastar e esclarecer as dúvidas e não é exagero ser cuidadoso quando se trata da vida, saúde e futuro dos nossos filhos!
Maria Irene Maluf

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Como devem atuar os pais segundo o temperamento das crianças

É difícil saber exatamente o que é o comportamento infantil “normal”, ou temperamento “anormal”. Igualmente aos adultos, existe uma grande variedade do que se considera conduta “normal” nos bebês. Os bebês têm necessidades, demandas e comportamentos que podem ser muito diferentes uns dos outros.
Devido a existência de tanta variedade no comportamento infantil, muitos pais necessitam acalmar-se e saber que o comportamento do seu bebê é considerado *normal”.
Comportamento infantil
Existem três amplas categorias de temperamento infantil que são usadas como guias para determinar o comportamento infantil “normal”. Os bebês que estão em quaisquer destas categorias são considerados “normais”. Com efeito, alguns bebês mostram características de mais de uma categoria. Isto também é perfeitamente normal.
Recorde que as categorias seguintes são nada mais que uma base. Nem todos os bebês cabem perfeitamente em uma ou outra categoria. Os pais não devem se preocupar que suas crianças demonstrem características de uma ou mais categorias. Os bebês são indivíduos únicos, e estas variações são normais também. As três categorias de temperamento infantil são: agradável, reservado e difícil.

Temperamento Agradável

A maioria dos bebês é de temperamento agradável, e estão regularmente de bom humor. Adaptam-se facilmente e rapidamente a situações novas e a mudanças de rotina. Os bebês nesta categoria têm um horário regular para comer. Quando sentem fome, ou algo os incomoda, reagem em geral de forma amena. Quando estão inquietos, geralmente encontram formas de acalmar-se e consolar-se sozinhos. Este bebês têm geralmente um bom caráter.

Conselhos para pais de bebês com temperamento agradável

O trato com os bebês de bom caráter é geralmente fácil. É também uma experiência muito gratificante. Alguns bebês exigem tão pouco, que os pais pensam que seu bebê não precisam deles. Por esta razão, alguns pais passam menos tempo estimulando seus bebês e comunicando-se com eles. Os pais que têm bebês de temperamento fácil, devem ter em mente que seus bebês necessitam muito tempo e atenção, ainda quando não sejam muito exigentes.

Temperamento Reservado

Os bebês de temperamento reservado, são geralmente tímidos. Esses bebês requerem mais tempo que outros bebês para adaptar-se à gente estranha e a novas experiências. Os bebês reservados podem inclusive rejeitar ou afastar-se de algo ou alguém novo. Eles levam a vida com precaução. Em lugar de serem fisicamente ativos, os bebês reservados são mais propícios a observar cuidadosamente o que acontece ao seu redor. Os bebês com esse caráter podem agitar-se com mais frequência. Quando isso acontece, eles retrocedem contornando o olhar ou afastando-se. Os bebês reservados também reagem lentamente e com quietude à fome e outros incômodos. Isso faz com que os pais tenham dificuldade de saber quando seus bebês têm fome ou quando estão incomodados.

Conselhos para pais de bebês reservados

Os pais de bebês reservados devem ter muita paciência. Esses pais devem tratar de expor seus bebês a novas situações, com mais frequência, mas devem fazê-lo devagar e com calma. Os bebês reservados se adaptam gradualmente às novas situações, mas devem dar-lhes o tempo que necessitem, sem pressões. Os pais devem dar atenção às indicações de agitação dos seus bebês e devem saber quando afastá-los de tais situações quando elas ocorrem.

Temperamento Difícil

Os bebês de temperamento difícil estão quase sempre ocupados em atividades físicas. Os bebês com este tipo de caráter são às vezes muito inquietos, e se distraem facilmente. Os bebês difíceis respondem vigorosamente à fome e a outros incômodos. Seu choro é frequentemente forte e intenso. Às vezes, esses bebês são difíceis de serem consolados quando estão inquietos. Também têm dificuldade de consolar-se a si mesmos. Esses bebês são geralmente de sono leve, e requerem demasiada atenção dos seus pais.

Conselhos para pais de bebês difíceis

Os pais de bebês difíceis, sentem-se com frequência culpados, e acreditam errôneamente que são responsáveis pelo temperamento do seu bebê. Estes sentimentos de culpa podem com frequência causar sentimentos de incompetência e ansiedade. Os pais de bebês que têm temperamento difícil não devem se sentir culpados pelo temperamento dos seus bebês. Em lugar disso, devem se concentrar em proteger seus filhos de situações e eventos que são desagradáveis. A perseverança é muito importante, assim que devem estabelecer e aderir a uma rotina diária. Os pais desses bebês devem tratar de manter a calma e ter muita paciência, e não devem exigir muito dos seus filhos. Esses pais devem saber também que seus bebês não vão ter sempre este tipo de temperamento. Conforme os bebês se aproximam de um ano de idade, as características do temperamento difícil terão diminuído ou desaparecido.

Conclusões

Os pais devem observar seus bebês cuidadosamente para determinar que tipo de temperamento têm. Devem notar os hábitos de comer e dormir, como reagem a situações novas, e sua disposição. Os pais podem dar-se conta que seus bebês podem demonstrar características de uma ou mais categorias. Mesmo quando o temperamento dos seus bebês não possa ser definido facilmente, os pais devem ter em mente que seus bebês são indivíduos. Existe uma grande variedade do que se considera comportamento infantil normal. Os pais não deveriam surpreender-se ou ficarem desiludidos com o temperamento do seu bebê. Em lugar disso, os pais devem aceitar seus filhos tal como são, e aprender com seus gostos e desgostos. Isso ajudará aos pais a desenvolver a melhor relação possível com seus filhos.

Limites para uso da Internet

O mundo virtual também precisa de limites
A Internet é um local onde as crianças encontram ampla oportunidade educacional, pesquisam os mais diversos assuntos, entram em contato com as diversidades do mundo, se divertem ou simplesmente relaxam. O que os pais precisam saber é que igual ao mundo real, no virtual também existem perigos para a criançada.
Crianças não têm capacidade de julgar o suficiente para determinar o que é bom ou ruim para elas e são facilmente enganadas por informações ou pessoas falsas, passando seus dados pessoais via Internet. O vício pela Internet interfere diretamente naquilo que os avós e pais certamente tiveram na infância: a liberdade para brincar nas ruas e fazer amizades através de relações pessoais, e não à distancia.
Nesse momento, os pais exercem papel fundamental na educação dos filhos em relação ao mundo idealizado do computador. Crianças menores de 10 anos não devem navegar sozinhas. O ideal é que os menores estejam sempre acompanhados de um adulto para orientação do certo e do errado.
Não que a Internet seja um bicho-papão. Ao contrário. A garotada da fase pré-escolar pode usufruir a diversidade de sons, imagens e cores que a Internet proporciona. Sempre esteja com a criança mostrando fotos da família, visitando sites infantis e já ensinando regras de segurança como o de não passar seu nome para alguém ou site que peça qualquer tipo de informação pessoal. Incentive a chamá-lo quando algo diferente acontecer.
Fases - Aos 6 anos, a criança já quer explorar o computador sozinho e experimentar suas novas habilidades como leitura e atividades motoras. Existem páginas feitas especialmente para o público infantil, com ferramentas de pesquisa próprias para a idade. Nunca deixe de monitorar e ajudar.
As crianças de 7 ou 8 anos geralmente despertam o interesse pelas salas de bate papo ou por sites que seus amigos navegam. Permita que tenha um endereço de email compartilhado com a família, ensine a consultá-lo antes de fazer algum download ou fornecer qualquer tipo de informação. Nesta idade é bom fazer em conjunto com a criança uma lista de regras de uso da Internet e deixar do lado do computador.
Esta lista deve conter alguns itens importantes, tais como o que seus filhos podem fazer na Internet e quanto tempo ficar, como proteger senhas e informações pessoais, como agir em salas de bate papo e com pessoas que o incomodarem. Se a criança tiver alguma dúvida, é importante conversar com os pais e não encontrar pessoas que conheçam na Internet sem permissão deles.
Proteção dos pais - Mantenha o computador conectado à Internet em um local de uso comum na casa para que você possa supervisionar com facilidade as atividades online de seus filhos e compartilhar dessa experiência com eles.
Além do acompanhamento dos pais, existem ferramentas de filtragens que barram o acesso das crianças a sites proibidos cadastrados e atualizados pelo fornecedor do software e também pelos pais.
Dessa forma, as crianças aprenderão a lidar de maneira concreta com o que é mau sem deixar de saber que existem sites de pornografia, drogas ou violência. Serão crianças bem seletivas e não se deixarão levar pelas oportunidades falsas.
Mostrar o grande volume de informações disponíveis com o clique de um botão é possibilitar a absorção de conhecimento adequado pela criança, mas sempre com a participação dos pais. O mundo virtual deve fazer parte da vida da família assim como o mundo real.

Evite que seus filhos sejam alvo de crimes online

Alguns cuidados simples que minimizam os riscos da internet para crianças e adolescentes.

A internet não é a ferramenta do mal para corromper crianças inocentes. Pelo contrário, ela é extremamente útil e indispensável para pesquisas de colégio, práticas de escrita e leitura, etc. Porém, ela deve ser usada com cuidado e inteligência.
A discussão aqui não tem tanto a ver com a invasão de privacidade e sim com cuidados, para que os mais novos não acessem conteúdos inadequados ou fiquem expostos a outros riscos. Mas, antes de qualquer atitude, abra espaço para o diálogo.
É altamente recomendável que a troca de experiências aconteça em casa, para que as crianças saibam que podem contar para os pais sobre aquilo que acontece no mundo virtual. Os pais precisam estar presentes para que o papo seja constante, minimizando até a necessidade de uma vigilância mais radical.
Abra espaço para diálogos sobre a internet.
Porém, só isso não é suficiente. Os crimes online não são diferentes daqueles cometidos no “mundo real”. É preciso ficar de olho nas crianças e adolescentes, para que elas não sejam vítimas de predadores virtuais.
Dicas para diminuir riscos virtuais

Para isso, listamos alguns cuidados que podem ser úteis para minimizar o risco de problemas com os filhos e a internet:

- Não deixe o computador no quarto dos filhos, mas sim em uma parte comum da casa, onde você possa ficar de olhos abertos para o que acontece.

- Aprenda sobre os interesses deles, escute e participe dos sites que as crianças gostam e frequentam. Isso faz com que você possa observar o que anda acontecendo e aprenda sobre os interesses das crianças.
Aprenda sobre interesses online de crianças e adolescentes- Entre com os nomes, incluindo apelidos, em sites de procura para saber se contam com perfis públicos e sites sociais de relacionamentos. Faça o mesmo com seu endereço e número de telefone. Você ficará surpreso com a quantidade de informações online disponíveis.

- Ensine as crianças a não baixarem imagens de fontes desconhecidas, utilizarem os filtros dos emails para evitar roubos de identidades, manterem senhas e informações pessoais não acessíveis para desconhecidos e alerte sobre os perigos que podem surgir em chats, mesmo os específicos para crianças.

- Fique de olho no comportamento dos filhos. Se eles recebem telefonemas de longa distância e de números desconhecidos, recebem presentes de estranhos ou mudam rapidamente de tela do monitor cada vez que você entra no quarto é preciso ficar atento, pois algo deve estar errado.

Tenha também em mente que cada faixa etária utiliza a internet de formas diferentes. Crianças mais novas podem ser monitoradas, inclusive estão interessadas em sites mais voltados para sua idade. Conforme crescem, a curiosidade começa a ser despertada, o conhecimento técnico também aumenta.

Já os adolescentes normalmente sabem mais sobre a internet do que os próprios pais. Para eles pode ser mais fácil burlar sistemas de controle e monitoramento. Os pais devem ter em vista que, especialmente neste caso, as ferramentas não são infalíveis e não substituem o cuidado dos pais, mas podem tornar a tarefa um pouco mais fácil.

Opções de monitoramento

O Baixaki conta com algumas opções para o monitoramento das crianças na internet. O InterAPP Control, além de gratuito, é todo em português. Com ele você poderá bloquear sites indesejados e organizar horários em que certas páginas podem ser acessadas, facilitando inclusive a concentração na hora dos estudos.

Outra opção para os pais é o Norton Online Family. Este aplicativo está em inglês, porém é muito fácil e prático. O melhor do programa é que você pode monitorar tudo mesmo estando fora de casa, basta ter acesso à internet.

Caso você não queira baixar programas, o próprio Windows conta com configurações para o controle de uso do PC pela criançada e bloqueio de acesso a programas. Aprenda sobre elas e também sobre filtros de internet, firewalls e outras ferramentas, para aumentar ainda mais a segurança.

Lembre que seus filhos não acessam a internet apenas de casa. Novamente, o mais importante é educar e não proibir, por isso mantenha um diálogo aberto com seus filhos. Afinal, conversar nunca é demais.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Não caia na tentação de dar a seu filho tudo o que ele pede; dizer "não" educa

Se sentir o centro das atenções pode fazer seu filho mais feliz do que ganhar o presente mais caro da loja
Se sentir o centro das atenções pode fazer seu filho mais feliz do que ganhar o presente mais caro da loja

 Em plena semana do Dia das Crianças, comemorado no dia 12 de outubro, você deve estar às voltas com uma lista imensa de pedidos de presentes, resolvendo o que quer ou o que pode comprar. Mas já parou para pensar no que faz seu filho feliz de verdade? Ter o brinquedo mais tecnológico do momento? O mais caro da turma inteira? Ganhar o primeiro celular, mesmo que o equipamento não seja indicado para a faixa etária dele?

Se a sua resposta foi “sim” a alguma dessas perguntas, é bom parar e reavaliar sua postura. Você pode estar valorizando coisas que ele nem considera importantes para estar feliz no dia a dia e, pior, ensinando que o consumo ocupa um lugar muito mais importante do que aquele em que deveria estar. “Os pais têm de ter valores muito sólidos. Têm de entender que eles são a principal referência na vida da criança. É neles que ela vai se espelhar em primeiro lugar", afirma Laís Fontenelle Pereira, psicóloga do Instituto Alana, ONG que atua em defesa da criança.


Ver uma criança feliz é muito mais simples do que muitos pais imaginam. Pesquisa recente e inédita realizada pelo Datafolha a pedido da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) ouviu 1.525 crianças, de quatro a dez anos, de todas as classes sociais, de 131 municípios brasileiros, e revelou que o dia em que 96% delas se sentem "muito alegres" e "alegres" é o dia do aniversário, quando são o centro das atenções e estão rodeadas pelos amigos e pela família.
Praticar esportes, brincar com os amigos, férias escolares e assistir à televisão foram os outros momentos, nessa ordem, vencedores na escala de felicidade no levantamento. Além disso, 71% das crianças entrevistadas disseram se sentir "muito tristes" e "tristes" quando estão longe da família. "Uma data como o Dia das Crianças deveria ser dedicada, simplesmente, a relembrar o direito de ser criança, comemorada com brincadeiras e compartilhamento de momentos de alegria entre pais e filhos", diz a psicóloga Silvia Frei de Sá, líder de projetos de educação do Instituto Akatu, ONG que defende o consumo consciente.

Eu quero! Eu quero! Eu quero!

Os números da pesquisa mostram uma realidade muito bem-vinda, mas, na prática, a criança está inserida em um universo de desejo em que basta ligar a TV para ficar exposta a uma enxurrada de propagandas que desperta nela a vontade de ter boa parte daquilo que vê. O resultado? Pedidos e mais pedidos.
Tem explicação. "Até os oito anos, ainda não há a capacidade de abstração necessária para diferenciar um conteúdo publicitário de um que não é. Se, nessa idade, a criança vir uma propaganda em que seu personagem favorito transmite a ideia de que ela tem de comprar determinado produto, ela vai querer comprar", diz a psicóloga Laís Fontenelle, do Alana.
"Ela é constantemente estimulada a consumir e, no geral, está mais interessada na experiência positiva que a publicidade transmite do que no produto”, afirma Silvia Sá, do Akatu.

A importância do não

Como não ceder aos apelos de consumo do filho que, na maioria das vezes, tem o poder de dobrar os pais pela emoção? "O pai e a mãe são os adultos da relação", fala Laís. "São eles quem sabem o que pode e o que não pode, que têm de dar o exemplo correto e ensinar valores", diz a especialista.
"O ponto negativo é que o relacionamento atual entre a criança e seus pais está muito ligado à questão do comprar, do ter. Ter para ser, como se a quantidade de objetos fizesse a gente melhor como pessoa", afirma a pedagoga Roselene Crepaldi, conselheira da Aliança pela Infância e doutora em educação infantil. Para agravar a situação, os pais têm cada vez mais medo de dizer "não" ao filho, já que muitos carregam a culpa de não estarem presentes como gostariam no dia a dia.

Negar um pedido da criança, sempre que achar pertinente, é muito importante. “Faz parte do desenvolvimento infantil se habituar às regras de convivência. À medida que o pai estabelece um limite, a criança passa por uma frustração que contribui para seu amadurecimento", afirma Saul Cypel, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einsten, de São Paulo, e consultor da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, voltada à primeira infância. "Pais têm medo de falar 'não' porque receiam quebrar a relação com o filho, mas faz parte", diz Roselene, da Aliança pela Infância. "O dinheiro não pode ser mais importante do que o convívio".

Diálogo: simples e eficaz

O diálogo ainda é a melhor opção. "Quando uma coisa faz sentido para a criança, por mais que a chateie ou a frustre, ela aceita. Os adultos acabam não tendo muita paciência, mas têm de sentar com o filho e explicar os motivos de ele não poder ter determinada coisa", diz Silvia.
Na tarefa de driblar o consumo infantil, fique atento à questão do "duplo comando", conforme denomina Laís, do Instituto Alana. "A criança aprende com os exemplos. Não dá para proibi-la de comprar o que quer e sair de outra loja carregado de sacolas com coisas para você. É importante que os pais tenham coerência entre o que falam e o que fazem".
Se o Dia das Crianças pode ser comemorado com presentes? Pode, dizem os especialistas. O único ponto é usar de ponderação, colocando o consumo em seu devido lugar, que é bem depois das relações familiares.

Fique atenta aos perigos da internet para as crianças

Se seu filho passa o dia pendurado no computador, acompanhe o que ele faz de perto. Uma atitude errada na rede pode ter consequências graves no futuro

Lembre-se: uma atitude errada na rede pode ter consequências graves no futuro
Foto:  Dreamstime

A internet é uma excelente ferramenta tecnológica, mas, se for usada incorretamente por uma criança ou adolescente, ela traz perigos que às vezes nem um adulto pode prever. Portanto, explique ao seu filho o que é certo (ou errado) fazer para que ele não crie problemas futuros. Além da chance de conhecer pessoas de má índole, crianças e jovens podem aprender a mentir para conseguir o que querem, o que não é nada saudável para a formação de um adulto.
Confira as algumas lições do especialista em eletrônica Alexandre Hashimoto para que ninguém erre.
Publicar fotos íntimas suas ou de familiares em redes sociais
Consequência: fotos da infância (seu filho hoje de pijamas ou sua filha de biquíni) ficam para o resto da vida na internet. Daqui a alguns anos, elas podem ser usadas sem permissão para fins indevidos (como pedofilia, pornografia etc). Isso arranhará a imagem deles e pode até prejudicar a busca de um emprego.
Revelar dados pessoais, como telefone e endereço residencial ou da escola, assim como o horário que estuda
Consequência: pessoas mal-intencionadas podem usar essas dicas para assustar você quando seu filho não estiver em casa. Sabe aqueles trotes que simulam sequestros? Eles ficam muito mais assustadores se a pessoa que estiver ligando tiver informações precisas da vida dele! E aí a família vai ficar apavorada mesmo. Não deixe isso acontecer.
Adicionar pessoas que não conhece nas redes sociais
Consequência: essas pessoas terão acesso a todo tipo de informação (inclusive fotos!) que os jovens colocam, sem ter o vínculo da amizade. Para piorar, elas podem até repassar para outras pessoas dados que deveriam ser mantidos só entre amigos. O perigo é o da exposição exagerada.
Fingir ser uma pessoa que não é, mudar de identidade
Consequência: ninguém jamais pode assumir uma identidade que não é a sua, seja fora ou dentro da internet, de brincadeira. Se algo der errado e seu filho for descoberto, a ação poderá comprometer sua imagem para o resto da vida.
Marcar encontro sem avisar os pais ou ir sozinho
Consequência: atitudes como essa envolvem risco de morte. Não dá para prever quem está do outro lado do computador! Se seu filho quiser conhecer gente nova, você deve acompanhá-lo. E, mesmo assim, há risco enorme.
Não proteger o computador e deixá-lo sem configurações de segurança
Consequência: ignorar esse cuidado com o aparelho facilita a entrada de hackers (lê-se "ráquers". São os criminosos que invadem os computadores alheios). Eles podem usar dados preenchidos na internet para prejudicar a família. Se não souber configurar, peça ajuda a um profissional.
Curtir ou compartilhar qualquer publicação na rede social
Consequência: sem saber que corre esse risco, ele pode contribuir para divulgar notícias mentirosas ou ajudar pessoas mal-intencionadas. Esteja sempre por perto e supervisione as atitudes de seu filho na rede.

 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Autismo: Conselhos e Características

Uma das perturbações que há uns anos mais suscita interesse pelos psicólogos é o Autismo. Não apenas por o seu diagnóstico ser difícil, mas também por não existir unanimidade relativamente à sua origem.
O Autismo é considerada uma perturbação geral do desenvolvimento infantil, que se prolonga por toda a vida e altera-se com a idade. O autismo é considerado um espetro, devido a esta perturbação poder variar e manifestar-se em três grandes domínios independentes entre si. No espectro Autista, esse défice nos três domínios é chamado a Tríade Autista (domínio social, domínio comunicacional e domínio comportamental). Dentro deste espectro podemos encontrar uma série de outras perturbações como o Asperger, perturbação de Rett entre outras.
Domínio Social: o desenvolvimento social é perturbado, diferente dos padrões habituais, especialmente o desenvolvimento interpessoal. A criança com autismo pode isolar-se, mas pode também interagir de forma estranha, fora dos padrões habituais.
Domínio da comunicação e linguagem: a comunicação, tanto verbal como não verbal é deficiente e desviada dos padrões habituais. A linguagem pode ter desvios semânticos e pragmáticos. Muitas pessoas com autismo (estima-se que cerca de 50%) não desenvolvem linguagem durante toda a vida.
Domínio do comportamento e do Pensamento: rigidez do pensamento e do comportamento, fraca imaginação social. Comportamentos ritualistas e obsessivos, dependência em rotinas, atraso intelectual e ausência de jogo imaginativo.

Apresentando sinais e sintomas como:
  • Dificuldade de relacionamento com outras pessoas, preferência pela solidão;
  • Pouco ou nenhum contacto visual;
  • Dificuldade em expressar necessidades;
  • Acessos de raiva;
  • Não tem real medo do perigo;
  • Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;
  • Ecolália (repetir as últimas palavras);
  • Riso inapropriado;
  • Procedimento com poses bizarras;
  • Aparente insensibilidade à dor;
  • Irregular habilidade motora;
  • Recusa colo ou afagos;
  • Rotação de objetos;
  • Perceptível hiperactividade ou extrema inatividade;
  • Inapropriada fixação em objetos;
  • Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
  • Age como se estivesse surdo;
A incidência da doença é de 0,2%. Duas a quatro vezes mais frequente em pessoas do sexo masculino que no sexo feminino. Não existem diferenças estatisticamente significativas ao nível das diferenças de raças, culturas e meios sócio-económicos. Quanto à origem, não existe unanimidade, porém a principal teoria recai sobre uma interação entre genes e meio ambiente.
Conselhos práticos para lidar com a perturbação autista:
  • Desenvolva atividades físicas (brincar, caminhadas, etc.), dando preferência a lugares públicos;
  • Incentive a fazer tarefas sozinho (vestir-se, comer, etc.) reforçando-o em cada progresso;
  • Evite irritar-se com pequenos retrocessos, tenha calma e seja paciente;
  • Estabeleça as tarefas em horários fixos, sempre pela mesma ordem;
  • Se fizer mudanças na vida diária, tente que estas sejam pequenas e uma de cada vez;
  • Se necessário desenvolva uma comunicação alternativa (através de cartões com sinais/símbolos) de forma a que possa comunicar facilmente as suas necessidades;
  • Promova o contacto com estímulos (visuais, auditivos, táctis, gustativos, olfactivos);
  • Atribua-lhe tarefas próprias e de responsabilidade (sempre tendo em conta as suas limitações);
  • Divida as novas tarefas em pequenas sub-tarefas;

9 Consequências da Violência Doméstica nas Crianças

A violência doméstica entre um casal não tem implicação apenas para os seus intervenientes, mas também para todos os que estão à sua volta como as crianças. Mas de que forma se reflete?
As crianças embora não sendo intervenientes diretos da violência doméstica , elas sofrem extremos prejuízos em suas vidas a vários níveis. Já que elas vão replicar, generalizar e extrapolar todo o que experienciam, para a sua vida, refletindo-se inevitavelmente na idade adulta.
Podemos referir 9 consequências da violência doméstica nas crianças.
Retira o sentido de segurança pessoal – Ao ser executado por pessoas que ela conhece, o medo e a vulnerabilidade substituem a confiança básica fundamental para o crescimento saudável. Com esta experiencia irá ser difícil ela depositar a confiança em alguém.
Perde o sentido que o mundo é um lugar seguro – A família tem um papel fundamental na superação e apoio emocional da criança. Quando existe violência doméstica, esse apoio não existe e a criança crescerá emocionalmente instável, sem competências sociais e emocionais.
Identificam-se com o agressor- Não é de surpreender quando a criança não entende o que acontece identificar-se com o mais forte ou o mais poderoso, desta forma as crianças (principalmente os rapazes) tornam-se mais violentos e agressivos nas interações sociais.
A agressão é o único modelo – A agressão ao ser o único modelo que têm, as crianças vão extrapolar/replicar esses comportamentos como a forma mais fácil de obter o que desejam. Por sua vez, esses comportamentos irão influenciar negativamente as suas relações e amizades. As crianças mais pequenas podem aceitar a violência como um modo normal de vida, aceitando-a e não a questionando, visto que cresceram no meio de uma realidade no qual possivelmente sempre existiu.
Podem-se tornar medrosas ou retraídas – Principalmente as raparigas, tornam-se medrosas e retraídas. Abdicando muitas vezes das suas necessidades, com o único propósito de passar desapercebidas.
Podem-se culpar pelo sucedido – Quando não se compreende o que se passa, principalmente em crianças mais pequenas, muitas vezes, característico da sua fase de desenvolvimento ainda egocêntrica, a criança pode atribuir-se a si própria a culpa do sucedido, influenciando negativamente a autoestima. Já as crianças mais velhas podem-se culpar por não poderem fazer nada, por não conseguir evitar o sucedido, sentindo-se impotentes, culpadas e envergonhadas.
As crianças podem distanciar-se – Como um meio de se evitar angústia e sofrimento, as crianças podem aprender a não sentir, a não ter empatia, afastando-se de todos os sentimentos e emoções, tendo consequências diretas na construção de relações e amizades.
Dificuldades de concentração – Para qualquer pessoa e principalmente crianças é difícil esquecer episódios de violência, principalmente se ocorrerem com frequência. Logo, como é possível a criança concentrar-se e aprender se o seu pensamento está em outro lado?
Stress Pós-Traumático- Mesmo não sendo intervenientes diretos, o facto de “conviverem” com episódios de violência doméstica, faz com que as crianças sofram de stress pós-traumático. Tendo prejuízos na auto-estima, auto-conceito, possuindo ainda sentimentos de sobrecarga, impotência e de um estado de alerta contínuo. Podendo inclusive somatizar